A Maersk Line pode vir a adquirir a Hyundai Merchant Marine (HMM), segundo adiantam vários meios de comunicação especializados em transporte marítimo. Por enquanto, a informação não passa de um rumor, mas o assunto pode bem ter sido abordado no âmbito de eventuais negociações em curso para uma entrada da HMM na aliança 2M, que já reúne a Maersk e a MSC.
De acordo com um relatório da consultora IHS citado por alguns meios, nenhuma das empresas comentou a hipótese de tal acordo, mas numa entrevista à Reuters na semana passada, Jakob Stausholm, um alto responsável da Maersk Line, não terá afastado essa possibilidade.
Citado pelo Ship & Bunker News, este responsável terá admitido que “estamos a defender a nossa posição de liderança e se estamos fortes, não há razão para não crescermos; se a oportunidade certa surgir, iremos considerá-la”.
Por outro lado, Michael Pram Rasmussen, chairman do Grupo Maersk, terá conformado que “poderão vir a ocorrer grandes transformações no Grupo”, e terá recordado que para atingir a posição de liderança actual, a Maersk recorreu a uma combinação de crescimento orgânico e aquisições, tal como a história regista.
Neste momento, e tal como o nosso jornal também oportunamente divulgou, parecem decorrer negociações para a entrada da HMM na 2M. O que em si mesmo, segundo alguns meios, é surpreendente, quer porque declarações anteriores davam conta do interesse da HMM em integrar a The Alliance, que envolve a NYK, MOL, K Line, Hanjin Shipping e a Yang Ming, quer porque a sua inserção na 2M pouco mais acrescentaria a esta aliança do que alguma escala.
Além de ter registado perdas operacionais de 123 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano e com uma dívida em processo de reestruturação, a HMM mantém apenas 11 navios nas rotas comerciais entre a Ásia e a Europa e a Ásia e a América do Norte. Seria sempre um membro menor da aliança, cujos parceiros têm frotas de porta-contentores oito vezes maiores, como refere a consultora Drewry. E representaria um contributo de apenas 2% na capacidade nominal para essas duas rotas.
Por outro lado, a Drewry salienta que a entrada da HMM na 2M teria mais interesse para a empresa sul-coreana do que para os outros parceiros, que já estão à beira dos limites de capacidade autorizados pelos reguladores europeus e que podem ter a sua imagem de única aliança estável neste sector afectada pela inclusão de um parceiro com uma história recente bastante problemática.
A estranheza da operação pode, no entanto, ter explicações adiantadas também por alguns meios de comunicação. A Drewry considera várias hipóteses.
A primeira pode ter passado por uma intervenção do Governo sul-coreano junto da 2M ou dos dois membros no sentido de salvarem a HMM, na linha de uma preocupação crescente demonstrada pelas autoridades de Seul perante as dificuldades enfrentadas pelas indústrias do transporte marítimo e da construção e reparação naval do país. Como contrapartida, o Governo sul-coreano estaria na disposição de facilitar contratos com essas empresas ou concessão de empréstimos.
De acordo com a Drewry, o Governo de Seul pode também ter considerado uma fusão das duas maiores companhias de transporte marítimo do país, a HMM e a Hanjin Shipping Co Ltd, assim que a gestão das duas empresas estivesse normalizada.
A mesma consultora também sugere que a HMM possa estar a tentar colocar a 2M contra a The Alliance, ou que as negociações da empresa com a 2M, de tão preliminares, não significam nada, e que a falta de fortes benefícios mútuos acabará por matar qualquer tentativa real de acordo.
Pode ainda dar-se o caso de a Maersk não querer de facto incluir a HMM numa aliança, mas estar a preparar o caminho para adquirir a empresa sul-coreana ou estabelecer uma parceria, sugere a Drewry. Ou ainda de os Bancos da HMM terem sugerido que a empresa encontrasse um parceiro que a ajudasse a reduzir custos sem investimentos pesados.
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