Os carregadores estão a contestar as taxas suplementares sobre o abastecimento impostas pelas empresas de transporte marítimo, alegando que os contratos vigentes já prevêem esse tipo de flutuações
Yang Ming

Os clientes das empresas de transporte marítimo de mercadorias reagiram energicamente contra a taxa de emergência sobre o abastecimento que lhes foi imposta pelas transportadoras, conforme se infere das declarações de Chris Welsh, Secretário-Geral do Fórum Global dos Carregadores (GSF, na sigla em inglês), uma organização não governamental representativa dos carregadores envolvidos no comércio internacional.

Segundo refere o Maritime Executive, as taxas impostas sobre o abastecimento de combustível pelas grandes empresas mundiais de transporte marítimo nas últimas duas semanas são uma forma de recuperar receitas perdidas devido ao aumento do preço do Brent desde o início do ano (cerca de 16%, refere o jornal), que se seguiu a uma redução das tarifas das transportadoras para manterem a competitividade. Mas agora, para recuperar perdas, as empresas fazem reflectir esses custos nos carregadores.

“O uso de sobretaxas de emergência é uma tentativa pouco subtil de impor tarifas não negociáveis sobre os clientes”, referiu Chris Welsh, acrescentando que cabe às transportadoras “ser completamente transparente com os seus clientes relativamente aos custos suplementares de abastecimento e explicar porque é que uma sobretaxa de emergência é garantida sobre mecanismos já existentes de sobretaxa de abastecimento”.

A mesma publicação refere também que as transportadoras já incluem as flutuações dos custos de combustível nos seus contratos (o chamado bunker adjustment factor, ou BAF), uma taxa flutuante que sobe e desce à medida dos preços do combustível nos principais portos das suas rotas. Pelo que alguns dos seus clientes consideraram esta sobretaxa de emergência um custo arbitrário imposto como meio de melhorar os balanços das transportadoras depois de um primeiro trimestre desanimador.

Bjorg Vang Jensen, vice-presidente da Electrolux, citado pela publicação, refere que os contratos com as transportadoras incluem cláusulas específicas relativas aos preços dos abastecimentos e espera que “as transportadoras as cumpram”. O mesmo responsável refere também que “existe um risco associado ao negócio, que nós aceitamos, e que esperamos que os nossos fornecedores também aceitem”, numa alusão aos prestadores de serviços de transporte, ou seja, as transportadoras.



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