A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) terá um impacto negativo em todos os envolvidos no transporte marítimo de contentores, incluindo carregadores, transitários e os próprios transportadores, de acordo com a plataforma online sobre fretes marítimos de carga contentorizada Xeneta, refere o World Maritime News.
De acordo com Patrik Berglund, CEO da Xeneta, citado pelo jornal, “a última coisa de que este segmento precisa é ainda mais imprevisibilidade e disrupção”. Num segmento que já tinha alguma dose de imprevisibilidade antes do Brexit, será impossível prever como é que a decisão vai influenciar as tarifas dos fretes no futuro imediato, considera o mesmo responsável.
Nos últimos 40 anos, o Reino Unido fez parte de um grande bloco comercial capaz de negociar tratados comerciais vantajosos, incluindo direitos de importação, com outros Estados ou blocos comerciais. A sua saída da UE, despojados do anterior poder negocial comunitário, implicará novos acordos dos britânicos e “conduzirá indubitavelmente direitos de importação mais elevados e portanto, a maiores custos para os carregadores”, refere Patrick Berglund, citado pelo jornal.
O mesmo responsável acrescenta que o fluxo de porta-contentores conhecerá uma nova asfixia e maior complexidade, forçando os carregadores a considerar alternativas, como o reposicionamento de instalações em locais a partir dos quais o comércio seja mais simples.
O jornal recorda que as tarifas para os contentores de 40 pés colapsaram ao longo dos últimos dois anos, com a média de curto prazo de Shangai para Roterdão situada actualmente 60% abaixo dos valores de 2014, induzida pelo excesso de capacidade no mercado e pela forte concorrência.
Entretanto, previsões do princípio de Junho indiciavam que o Brexit poderia conduzir a um declínio nas vendas e importações britânicas, e com isso afectar vários portos europeus, em especial os que efectuam exportações e transhipment para o Reino Unido, como Bremerhaven, na Alemanha, Zeebrugge e Antuérpia, na Bélgica, e Barcelona, em Espanha. Sem esquecer os próprios portos britânicos.
Segundo algumas análises, a diminuição no comércio automóvel, por exemplo, pode afectar particularmente os portos de Vlissingen, na Holanda, que processa exportações da Ford Europa para o Reino Unido, e Cuxhaven, na Alemanha, importante porta de saída em transporte marítimo de curta distância da BMW para o outro lado do Canal da Mancha.
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