Com novos negócios em perspectiva e taxas de crescimento na ordem dos 25% ao ano a empresa espera atingir em 2016 uma facturação global de um milhão e duzentos mil euros.

Foi a experiência na gestão dos dois primeiros Festival dos Oceanos que levou João Mendonça a criar a empresa, na altura com o nome de Agrande. O objectivo era organizar regatas corporativas mas rapidamente estas foram ultrapassadas pelos eventos corporativos. Hoje a WaterX é uma instituição no que concerne à exploração do Tejo na vertente náutico-turística.

O negócio começou devagar, através do aluguer de embarcações já existentes. Mesmo porque era algo completamente novo em Portugal. Não havia o hábito se, aquando da escolha do local para realizar eventos corporativos, se olhar para o rio Tejo.

Em 2006 o mercado começou a acordar e despertou para as regatas. Foi então que decidiu ir mais além e começou a testar novas ideias. A dos eventos em iates de luxo foi uma delas. Que não só vingou como, mais tarde, teve novos desenvolvimentos.

Em 2008 a empresa adquiriu a sua primeira embarcação, um veleiro de 35 pés, com capacidade para 8 pessoas. Seguiu-se a compra de cinco embarcações iguais – os Speedboats com capacidade para 12 pessoas. Algo que, segundo João Mendonça, ainda hoje é único. “Continuamos a ser a única frota de cinco barcos iguais em Lisboa”.

Com o mercado internacional a ganhar importância era tempo de assumir um novo posicionamento e “arranjar” um nome que não só reflectisse a nova assinatura, mas fosse, igualmente, mais internacional. Surge então a designação “WaterX”.  “O X significa experiências”, esclarece João Mendonça. Porque é isso que a empresa proporciona. Não é simplesmente um passeio pelo rio Tejo ou uma forma de atravessar as margens. É muito mais do que isso. A empresa adquire experiência e começa, inclusive, a ser convidada para organizar eventos internacionais. E foi aí que xx se apercebeu de mais uma oportunidade de negócio: não havia em Portugal (e mais precisamente em Lisboa) barcos de luxos onde se pudesse realizar eventos de maior dimensão.

Da necessidade surgiu a ideia de criar algo de raiz. Foi assim que a WaterX decidiu desenhar um catamaran pensado especificamente para eventos corporativos de alto nível. Com uma capacidade para mais de 100 pessoas está configurado para permitir a criação de ambientes distintos e com total privacidade.

E foi com o catamaran que o negócio da WaterX “explodiu”. De 300 eventos em 2014 a empresa passou para 400 no ano passado. Mas mais do que o número de eventos, a grande diferença está no número de pessoas envolvidas. De 12 mil para 200 mil. E sem vender um único bilhete. Os números, como explica João Mendonça, referem-se exclusivamente a eventos privados e realizados em seis embarcações.

Se no primeiro ano (2014) o catamaran realizou “apenas” 40 eventos o número subiu para os 150 no ano passado e a previsão é a de que ultrapasse os 200 este ano.

2016: mais barcos e um novo negócio

Este é um ano de viragem para a WaterX. Por um lado, a aposta da empresa em embarcações próprias, desenhadas especificamente para necessidades específicas ganha volume com a introdução de duas novas embarcações (num total de três) e, por outro, deixa de actuar exclusivamente no mercado corporate para abarcar o mundo do consumidor final.

Mas vamos por partes. Brevemente entrarão ao serviço duas novas embarcações: a Shutle, com capacidade para 75 pessoas e o Vintage que permite transportar 40 passageiros. Este último pensado para um publico mais premium, com passeios até três horas e onde o barco é apenas parte de uma experiência. Para tal a WaterX reuniu um conjunto de parceiros tendo como objectivo o disponibilizar uma experiência completa. Por exemplo, que tal um passeio a cavalo na margem Sul?

E, pela primeira vez, a WaterX aventura-se para além de Lisboa. A empresa tem três airboats que irão explorar a região do Minho. Apesar de já estarem já estarem prontos há cerca de três anos só agora vão entrar em funcionamento devido a alguma demora na obtenção do licenciamento. João Mendonça explica que tudo se deve ao facto de ser a primeira vez que este tipo de barco é licenciado em Portugal. O que causou alguns constrangimentos legais.

Pensado especificamente para o turismo ecológico este tipo de embarcação não só vai a locais que nem um barco a remos consegue ir como é igualmente muito ecológico, dado que “não há nada que toque na água”. A aquisição destes barcos foi pensada para uma área específica de Portugal mas pode ser utilizada noutras. A prova é que já houve câmaras municiais que demonstraram interesse na sua utilização. Um possível local? A reserva que existe junto ao Tejo.

Mas só isto não chegava. A WaterX quer também entrar no mercado do consumidor final. Para tal começou por mudar de instalações. Agora está nas Docas de Alcântara mesmo “ao lado” da sua frota. Sem querer entrar em muitos detalhes João Mendonça referiu que a ideia é muito mais do que apenas proporcionar passeios pelo Tejo. O objectivo é, tal como no mercado corporate, disponibilizar experiências. Para tal a empresas vai lançar, em Abril, um portal B2C onde todas as ofertas estarão disponíveis e onde o cliente pode, inclusive, fazer, imediatamente, a compra.

Os números do negócio

A WaterX tem tido, ao longo dos últimos tempos, uma taxa de crescimento anual a rondar os 25%. Este ano a ambição é maior. Com o catamaran já a funcionar em velocidade cruzeiro e com a introdução de dois novos barcos, o objectivo é aumentar esse valor para 30%. Ou seja, passar dos 900 mil euros de facturação, registados em 2015, para 1,2 milhões. Algo que não parece muito difícil. Neste momento a WaterX já efectuou mais de 500 propostas e tem já 200 eventos (mais de 10 mil pessoas) confirmados. “fazemos uma média de 125 propostas por mês”, refere João Mendonça, acrescentando que “a expectativa é a de que, em 2018, tenhamos uma facturação de dois milhões de euros”. Isto porque, pela experiência, cada embarcação ou novo negócio demora cerca de dois anos a registar “valores adequados”. Mais ainda. “Nos próximos três anos o B2C pode ficar ao nível do (negócio) corporate”, antevê o proprietário da WaterX.

O custo de ter uma frota de 11 embarcações

O primeiro grande investimento da WaterX foi claramente o desenho e fabrico do catamaran. Custou um milhão de euros, sendo que a empresa conseguiu um apoio do QREN – 400 mil euros reembolsáveis. Seguiu-se o Shutle e o Vintage. De um total de 600 mil euros a WaterX conseguiu um apoio, por parte do PRODER, de 360 mil euros. O mesmo aconteceu com os airboats onde a empresa obteve 120 mil euros num total que ultrapassou os 200 mil.



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