Ah!, tão lento, realmente, o passar dos segundos e tão rápido o passar dos anos, como diria o velho Pascal, falando, ainda por cima, em séculos e nem sequer em anos. 2016 … Já?… Já! Seja. Nada há mais que possamos fazer. O que foi, foi _ e salvo Chestov, talvez ninguém mais ouse afirmar […]

Ah!, tão lento, realmente, o passar dos segundos e tão rápido o passar dos anos, como diria o velho Pascal, falando, ainda por cima, em séculos e nem sequer em anos.

2016 …

Já?…

Já!

Seja.

Nada há mais que possamos fazer. O que foi, foi _ e salvo Chestov, talvez ninguém mais ouse afirmar possível quanto haja sido deixar ter sido exactamente como foi. O que foi, foi, e para sempre foi quanto foi.

Mas do que será, senhores? Possível será entendermos quanto está ou é para vir a ser como se já tivesse sido?… E a liberdade, a nossa sempre tão amada e decisiva liberdade, apenas ilusão? Mais não nos resta senão tudo sofrermos como se tudo houvesse sido já? Mais não nos resta senão padecermos quanto houver a padecer como amorfa inutilidade num mundo feito, como diria o nosso velho Leonardo?

Difícil aceitar que assim seja, como se todo o pensamento e consequente acção mera ilusão e perfeita inutilidade fossem também. Pior que absurdo, o que o homem suporta mal, suprema, absoluta crueldade não seria?…

Compreende-se que a moderna visão mecanicista do mundo para aí tenda. Antes então a velha e muito medieval discussão sobre a predestinação, os futuros contingentes e a possível presciência de Deus sobre esses mesmos futuros contingentes, dependentes da nossa liberdade, de algum modo, à nossa responsabilidade.

Não, não vamos retomar a idosa discussão de Ockham mas, nesta passagem das horas, na passagem dos anos, num momento sempre mais dado á reflexão, à introspecção e à imaginação do futuro, sejam-nos permitidos três votos para 2016:

– Que todos os portugueses tenham consciência da importância do mar para Portugal e, sabendo como tudo depende de cada um, saibam actuar consequentemente;

– Que o Primeiro-Ministro António Costa consciência tenha igualmente da importância do mar para Portugal e que delegue e outorgue à Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, todo o poder necessário para que cumprir possa tudo quanto de algum modo proposto na campanha eleitoral, tal resumidamente apresentado na edição de Dezembro do Jornal da Economia do Mar;

– Que o próximo Presidente da República Portuguesa, exactamente pelas suas funções, primordial zelador da Coisa Pública Portuguesa, como o próprio título indica, bem como Chefe Supremo das Forças Armadas, consciência mínima tenha da importância do mar para Portugal, domínio público por excelência, não deixando que, seja quem for, descure as suas responsabilidades em tal domínio.

E porque falamos em Presidência da República e se aproxima a eleição de um novo Presidente, tal como os três mosqueteiros afinal eram quatro, também os nossos três votos afinal serão quatro, sendo exactamente este o derradeiro:

– Que o próximo Presidente da República, entendendo nós, tal como exarado no Estatuto Editorial do Jornal da Economia do Mar, não devermos adoptar o novo acordo ortográfico por se considerar conduzir o mesmo, subtil mas inexoravelmente, pela corrupção da grafia da palavra, «ser espiritual», como referia Teixeira de Pascoaes, à degradação do próprio pensamento, termine com esse disparate de uma vez por todas. A bem de Portugal e de podermos todos continuarmos a entendermo-nos como deve ser.

Bom Ano de 2016 para todos.



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