O recente entendimento entre os Estados Unidos e a China sobre comércio parece ter posto fim a uma guerra comercial que afectaria ambos os países e a economia global, incluindo o transporte marítimo. Os Estados Unidos, porém, não afastam a possibilidade de reporem as taxas sobre as importações chinesas se falhar a concretização do acordo
Yang Ming

A indústria marítima internacional respire de alívio na sequência do anúncio de que os Estados Unidos e a China ultrapassaram divergências e evitaram uma guerra comercial que afectaria não só os dois países, mas também vários sectores da economia à escala global, designadamente o transporte marítimo.

Segundo o World Maritime News, a recuperação do mercado de granéis sólidos já dava sinais de erosão, desde que os graneleiros acusavam os primeiros indícios de uma guerra comercial, em particular depois de a China estender taxas de importação sobre mais produtos agrícolas dos Estados Unidos, como a soja.

O jornal refere igualmente o efeito pernicioso de tal conflito sobre o mercado dos navios porta-contentores, especialmente nos trajectos via Pacífico entre a China e os Estados Unidos. Menos mercadorias importadas pela China dos Estados Unidos teria um impacto significativo sobre as tarifas dos fretes e os ganhos do transporte marítimo.

Por outro lado, as taxas impostas pelos Estados Unidos sobre alumínio e aço importados da China ameaçavam a economia norte-americana, designadamente, os portos (e por essa via os seus profissionais, que corriam o risco de perderem os postos de trabalho) e os consumidores (que veriam subir os preços dessas matérias-primas).

Se o conflito se mantivesse, representaria desde logo taxas de 127 mil milhões de euros (150 mil milhões de dólares) sobre as importações chinesas, conforme estabelecido pela Administração Trump, e as equivalentes contra-medidas por parte da China. Considerando que o comércio entre ambos os países representa cerca do 4% do comércio mundial, é fácil imaginar a dimensão do impacto de uma guerra comercial sino-americana.

Recorde-se que o acordo agora alcançado entre os dois países prevê o aumento de importações de bens e serviços dos Estados Unidos pela China, em particular, bens agrícolas e energéticos, que contribuirá para favorecer o mercado norte-americano. Por outro lado, a China compromete-se a corrigir as suas leis sobre propriedade intelectual, que era uma das reivindicações de Donald Trump.

Face a este entendimento, meramente provisório, pois estão por ajustar os detalhes, os Estados Unidos suspenderam temporariamente as taxas sobre importações chinesas, embora o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, não tenha afastado a sua reposição se as negociações não tiverem êxito total.

Não foram por agora adiantados números, mas vários meios de comunicação têm lembrado que os Estados Unidos reclamam uma redução de 170 mil milhões de euros (200 mil milhões de dólares) no excedente comercial que a China tem sobre si.

 



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