Com a integração da DSME na HHI cada vez mais certa, os sindicatos aumentam o tom da contestação ao negócio porque entendem não ter garantias da manutenção dos postos de trabalho
ECSA

Os sindicatos dos trabalhadores da Hyundai Heavy Industries (HHI) e da Daewoo Shipbuilding and Marine Engineering (DSME) admitem acções conjuntas na defesa dos postos de trabalho dos dois estaleiros, que consideram em risco face à prevista venda da participação do Banco público Korea Development Bank (KDB) à HHI, que se tornará a maior construtora naval do mundo, referem vários meios de comunicação internacionais.

Com a recusa da Samsung Heavy Industries (SHI), outra construtora naval sul-coreana, em concorrer à compra da DSME, a venda desta à HHI é cada vez mais certa. Para o Governo de Seul, o negócio é bem visto, pois significa o seu afastamento da DSME, que tem vindo a tentar, e cria no país um potentado internacional da construção naval (com 20% do mercado mundial) capaz de concorrer com os seus rivais chineses.

Ao anunciar o negócio, o chairman do KDB, Lee Dong-gull, citado pelo Maritime Executive, referiu que “essencialmente para reforçar a competitividade da indústria, é crucial eliminar ineficiências causadas pela sobreposição de investimentos no âmbito da estrutura das Três Grandes”, numa referência à HHI, à DMSE e à SHI e que os sindicatos temem que possa significar o despedimento de trabalhadores na sequência do acordo.

A preocupação dos sindicatos baseia-se na redução de salários e postos de trabalho que ocorreu neste sector da indústria sul-coreana ao longo dos últimos anos, no decurso de uma crise na construção naval que se traduziu numa forte diminuição das encomendas de novos navios aos seus estaleiros. Nem a recente recuperação do sector, com encomendas de navios a gás natural liquefeito (GNL), sossega os sindicatos, que não querem ver novamente reduzidos os salários na sequência da fusão entre a HHI e a DSME.

No caso da HHI, os sindicatos reclamaram um lugar à mesa das negociações da fusão e exigiram desculpas da Administração por negociar à porta fechada. “As relações com a Administração podem piorar se a fusão prosseguir sem a garantia da segurança dos postos de trabalho”, terá referido o sindicato dos trabalhadores da HHI num comunicado citado pelo Maritime Executive. Na DSME, os trabalhadores vão decidir nos dias 18 e 19 deste mês se avançam para uma greve de protesto contra a fusão, refere o mesmo meio de comunicação, adiantando que os sindicatos das duas empresas podem mesmo promover um protesto conjunto.

Recorde-se que no contexto do negócio, que além dos obstáculos levantados pelos sindicatos dependerá da luz verde de autoridades reguladoras, o KDB transferirá acçoes da DSME para a HHI, comprará 1.178 milhões de euros em acções da HHI (a emitir posteriormente) e prestará apoio financeiro equivalente a 785 milhões de euros à DSME, refere o World Maritime News. Além disso, a HHI divide-se em duas entidades, uma das quais será cotada em Bolsa.

 



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