No último dia da Conferência dos Oceanos, várias ONGs apelaram à comunidade internacional para terminar com a mineração dos fundos marinhos. Alegam que não é necessária, colide com os compromissos de sustentabilidade globalmente assumidos e tem alternativas.
Seas At Risk

A Organização Não-Governamental (ONG) Seas At Risk apelou ao fim da mineração dos fundos marinhos no último dia da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, em Nova Iorque. Para o efeito, contou com o apoio dos seus 34 membros e da Mission Blue, BLOOM, Deep Sea Mining Campaign e Earthworks.

Na ocasião, Monica Verbeek, Directora Executiva da Seas At Risk, declarou que “a mineração dos fundos marinhos não é necessária num mundo que está comprometido com uma produção e consumo sustentáveis ao abrigo da Agenda 2030” e sugeriu uma pausa para reflexão, sob pena de arruinarmos “um dos nossos ecossistemas mais valiosos que tem um papel vital na saúde do nosso planeta, em prol de um sonho obsoleto de crescimento ilimitado”.

De acordo com alguns analistas e cientistas, existem alterativas à mineração dos fundos marinhos, como a redução da procura de matérias-primas através de designs diferentes dos produtos, a partilha, reutilização, reparação, reciclagem e desenvolvimento de desenvolver novos materiais e alterações no estilo de vida. Paralelamente, é apontado um relatório do Instituto por Futuros Sustentáveis da Universidade de Sidney, de 2016, que concluiu pela possibilidade de uma transição integral para energias renováveis até 2050 sem necessidade de recorrer a minerais dos fundos marinhos.

Gonçalo Carvalho, presidente da Sciaena, ONG membro da Seas at Risk, declarou a propósito que “Portugal tem sob a sua jurisdição enormes áreas de grandes profundidades, o que faz do nosso país um dos guardiões a nível mundial dos valiosos e frágeis ecossistemas que aí existem” e defendeu uma aposta “na investigação e no conhecimento do mar profundo” e uma liderança do país “nas indústrias emergentes ligadas à economia circular e às novas tecnologias relacionadas com as renováveis”.

Já Inês Cardoso, da LPN – Liga para a Protecção da Natureza, outra ONG membro da Seas at Risk, considerou que “num país virado para o mar, numa sociedade que se apresenta sob lema da sustentabilidade, a entrega do património natural fundamental e insubstituível à exploração de recursos naturais de forma a colmatar necessidades imediatas de consumo é muito mais que um contrassenso, é um comprometer das gerações futuras não de um ponto vista local, mas de um ponto de vista global”.



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