Foi lançada a embarcação que altera as linhas da pesca deportiva, a Sea Master 700, da Planus Náutica, por metade do preço da concorrência.

Com linhas inovadoras, amplos espaços, estabilidade e robustez foi ilustrado o lançamento do Sea Master 700, uma embarcação desenhada para a pesca desportiva por João Fernandes, detentor da Planus Náutica, com os sócios Carlos Felício e Augusto Felício. Uma embarcação diferente das demais e das restantes marcas, 100% em fibra de vidro, sem qualquer material acessório, que irá ser comercializada por cerca de metade do preço da concorrência.

No entanto, a aceitabilidade em Portugal é difícil. “As pessoas preferem sempre o que vem do exterior. Quando efectivamente começarem a andar nos barcos é que vão perceber as diferenças. E vão perceber que este é um barco extremamente comercial, e que, enquanto as outras empresas não têm liberdade para fugir ao seu estilo e inovar, nós somos livres. Podemos seguir qualquer rumo que nos agrade, o que nos permite explorar coisas mais atrevidas”, explica João Fernandes, optimista, afirmando que este é só o primeiro de vários barcos que lançarão, inclusive maiores de 12 metros (perspectiva para 2021), o que será inédito em Portugal.

“O mercado da pesca desportiva é muito amplo, dominado maioritariamente por marcas estrangeiras. Mas dentro desta tipologia, por falta de opção. Até hoje, tirando os nossos concorrentes da Fibramar, não existia concorrência. Depois temos as marcas norte-americanas, como a Bayliner, a Quiksilver, e as espanholas, como a Orca e a Starfisher. Mas dentro desta gama, que é o fishing cruising, não havia opção, não havia marca nacional nenhuma. E mesmo a Fibramar só faz barcos até seis metros”, esclarece João Fernandes.

Barcos nesta área, de marcas estrangeiras, venderam-se dois mil em 2017, refere João Fernandes. “É um número que assusta, pois as marcas nacionais vendem meia dúzia”, esclarece. De modo que, na sua visão, só há uma maneira de vingar, que é “colocar-se ao lado deles”, a começar nas feiras internacionais. Até porque, com grande qualidade de fabrico e um método tradicional, têm a maior vantagem, que é poderem alterar as suas embarcações. São detentores das patentes e dos projectos, pelo que alterações à medida do cliente são exequíveis.

E o futuro da empresa, que tem três anos e começou com a manutenção naval? “É difícil prever porque isto é uma aposta louca – ninguém no seu prefeito juízo inventaria um barco e gastaria uma série de dinheiro”, sendo que o projecto já conta com um investimento superior a 1 milhão de euros.

Com o objectivo de reflectir sobre a importância da náutica de recreio em Portugal, país que apesar das distintas condições naturais, precisa de desenvolvimento, especialmente no que respeita aos postos de amarração e marinas, para colocar as embarcações, o lançamento contou também com uma conferência. Segurança é também essencial, no mar desafiante e na aposta séria e fundamental de embarcações com design e maior robustez.

“Nunca como hoje a náutica teve uma janela de oportunidade para se desenvolver neste país”, explica Eduardo Almeida Faria. E porquê? “Estamos a negociar o alargamento da plataforma continental e essa dimensão vai fazer com que 90% do futuro território nacional seja mar, o que terá implicações do ponto de vista político, geo-estratégico, económico e até psicológico, e de pequeno país, passamos a um grande país de mar”. O que abre a esta indústria uma janela de oportunidade.

Quanto valerá o nosso tempo? Esta foi a questão que levou João Delgado, da Mútua de Pescadores, a explicar as questões da segurança marítima. Quando falamos de segurança, falamos de tempo. “Do tempo que teremos disponível para continuar vivos”, clarifica. Referindo que a cultura de segurança no mar, nomeadamente para os pescadores, tem sido pautada pela actuação de reparador de sinistros. Pois a pesca profissional na Nazaré está “numa crónica dificuldade de organização”, o que dificulta a segurança. E deixa um apelo ás outras actividades marítimas para que se organizem e se façam ouvir, agindo de forma colectiva. A organização e a estabilidade económica determinam a forma como se considera ou desconsidera a questão da segurança. Mais liquidez para investir em meios, em formação, na preservação das embarcações, visto serem factores endógenos controláveis.

As condições de tempo e de mar, as condições dos portos, as iluminações, a poluição marítima, apesar de serem factores que não se podem controlar, são factores que podem conduzir ao desenvolvimento adequado de Portugal nesta área e não só. Neste âmbito, João Delgado deixou apenas alguns números. Segundo o Gabinete de Investigação de Acidentes Marítimos e da Autoridade para a Metereologia Aeronáutica (GAMA), em 2017, contabilizaram-se mais de 200 incidentes marítimos, dos quais 13 mortais (cinco na actividade do comércio, três na actividade da pesca e três no recreio), sendo que 30 foram notificações muito graves, das quais 19 de pesca.

Também Luís Baptista, Responsável Comercial de motores fora de bordo da Touron, da Mercury, representada no evento, e parceira da Planus Náutica, apoiando inclusive na formação, apresentou os seus novos motores V6 e V8, com sistema inovador, com estabilidade de rotações do motor independentemente das condições, sem compressor, mas com o mesmo desempenho, grandes cilindradas, motores leves e com baixos custos de manutenção. Ambos disponíveis a partir de Agosto/Setembro.

 

Fotografia: Adrenaline Drone Footage



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