A troca de mercadorias entre o Qatar e os Emirados Árabes Unidos já possível, mas não através de navios dos dois Estados
ECSA

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) levantaram parcialmente o boicote imposto ao Qatar em 2017, juntamente com a Arábia Saudita, o Egipto e o Bahrein (e de que demos conta neste jornal), refere o Maritime Executive com base num anúncio recente da Abu Dhabi Ports. De acordo com o anúncio, as mercadorias provenientes do Qatar já podem entrar nos portos dos EAU e vice-versa, desde que não o façam em navios com pavilhão do Qatar e dos EAU, respectivamente, pois estes continuam proibidos de entrar nos portos um do outro.

A medida parece não afectar a determinação dos quatro países que decretaram o boicote em mantê-lo. De acordo com a mesma publicação, o ministro dos Negócios Estrangeiros dos EAU, Anwar Gargash, terá sugerido recentemente que os quatro países permanecem unidos e decididos a manter a sua posição de princípio. Recorde-se que em Junho de 2017, impuseram um boicote ao Qatar como retaliação pelo alegado apoio deste país ao terrorismo, acusação desde logo negada por Doha.

Na base da acusação esteve o argumento de que o Qatar estaria a acolher no seu território e a apoiar a Irmandade Muçulmana, um grupo islâmico que a Arábia Saudita já apoiou, mas que passou a rejeitar por alegado apoio do Irão, seu rival, a este movimento, hoje considerado uma ameaça à estabilidade do reino saudita. Sob pressão de Riade, os outros três países juntaram-se ao boicote.

Na sequência da imposição do boicote, a Arábia Saudita encerrou a sua fronteira terrestre com o Qatar e os restantes países impuseram sanções ao transporte marítimo com este país. Como o porto de Jebel Ali, nos EAU, era uma importante plataforma regional para a mercadoria contentorizada, o Qatar foi obrigado a alternativas logísticas de exportação e importação, incluindo novas rotas de e para Omã.

Dado que é o maior exportador mundial de gás natural liquefeito (GNL), o Qatar tem importantes recursos financeiros para enfrentar o boicote e continuou a sua actividade comercial, apesar das sanções impostas. Um exemplo disso é a encomenda de 60 novos navios de transporte de GNL, que duplicarão a sua frota.

 

 



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