A Rússia encomendou 15 navios quebra gelos para o Árctico a um estaleiro da Coreia do Sul, anunciou o presidente sul-coreano, sem divulgar a empresa contemplada. Um acordo entre outros que aproximam a Rússia e a Coreia do Sul num momento económica e politicamente sensível na região.
Coreia do Sul

A Rússia encomendou a construção de 15 cargueiros quebra-gelos para transporte de gás natural liquefeito (GNL) a uma empresa sul-coreana não revelada, anunciou há dias o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, em Vladivostoque, na Rússia, refere o World Maritime News.

O jornal recorda que em Agosto a empresa russa Sovcomflot anunciou a contratação da construção de um navio tanque com porte bruto (deadweight tonnage) de 42 mil toneladas para operar no Árctico à sul-coreana Samsung Heavy Industries (SHI).

O mesmo jornal também dá conta de uma parceria entre a SHI e a construtora naval russa Zvezda Shipbuilding Complex (ZSC) para a gestão da construção de navios tanque destinados a operar no Árctico. Uma cooperação que permitirá aos estaleiros russos o uso de tecnologias avançadas de construção da SHI.

O acordo implica o apoio técnico à construção de navios tanques para o Árctico com portes brutos variáveis entre 42 mil e 120 mil toneladas, destinados à exportação de petróleo proveniente dos campos da Rosneft e de outros campos russos e estrangeiros. E está a ser implementado enquanto secções de quatro navios glaciares de abastecimento estão a ser depositadas no estaleiro da ZSC.

Esta colaboração entre a Rússia e a Coreia do Sul para a construção de navios, designadamente, para operações no Árctico, ocorre num momento em que ainda ecoa o feito recente do navio tanque russo Christophe de Margerie, o primeiro navio mercante a terminar uma travessia do Árctico sem necessidade de quebra-gelos, numa rota entre Hammerfest, na Noruega, e Boryeong, na Coreia do Sul. Uma proeza realizada em tempo recorde e antecipa poupanças de 30 por cento em tempo entre os dois destinos, face ao tempo necessário para os ligar através do Canal de Suez.

A colaboração sucede também numa fase adversa para os estaleiros sul-coreanos, a braços com encomendas insuficientes e que têm gerado situações laborais complexas, com pedidos de licenças sem vencimento a trabalhadores por parte das empresas.

Importa ainda não esquecer o quadro geo-político incerto que se vive na região, assinalado pela tensão gerada pelos ensaios de mísseis da Coreia do Norte. Uma realidade susceptível de aproximar a Rússia da Coreia do Sul em projectos de diversa natureza, na medida em que para a Coreia do Sul contam todas as vozes críticas da Coreia do Norte, e que para a Rússia contam todas as iniciativas, incluindo as económicas, que diminuam a influência dos Estados Unidos (e talvez da China) da região.



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