Até ao momento, o aumento da produção de GNL foi a única resposta clara do Qatar às exigências de quatro países árabes que acusam aquele Estado de apoiar o terrorismo internacional. Mas o rumo do conflito diplomático permanece incerto e o isolamento económico do Qatar continua
Qatar

A Qatar Petroleum, empresa pública do Qatar, anunciou esta semana que vai aumentar a produção de gás natural liquefeito (GNL) de 77 milhões para 100 milhões de toneladas por ano, reforçando o estatuto do país como maior produtor mundial de GNL.

De acordo com a empresa, este aumento será assegurado através da duplicação da capacidade do novo projecto de produção de gás no Campo Norte, anunciado em Abril, para 4 mil milhões de metros cúbicos diários. E garantirá a posição do Qatar como principal exportador mundial de GNL, em linha com a estratégia de crescimento da empresa.

Esta explicação, contudo, não esconde o facto de o anúncio ter sido feito na sequência das sanções recentemente impostas ao país pela Arábia Saudita, Egipto, Emiratos Árabes Unidos e Bahrein e que geraram um conflito diplomático a partir de 5 de Junho ainda por resolver.

Os quatro países cortaram relações com o Qatar sob a acusação de este país estar a financiar o terrorismo internacional e a desestabilizar o Médio Oriente. O Qatar rejeitou as acusações, mas não pôde impedir o bloqueio comercial e o encerramento de fronteiras terrestres, aéreas e marítimas por parte da Arábia Saudita e dos Emiratos Árabes Unidos.

Como as suas únicas fronteiras terrestres são com a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes Unidos, só restou ao país a saída por mar, que tem o Irão, principal rival da Arábia Saudita na região, como vizinho, e com o qual partilha a exploração de um campo de gás. Entretanto, os quatro países fizeram diversas exigências ao Qatar, cujo prazo para o seu cumprimento terminou 4ª feira, e ameaçaram excluir o país do Conselho de Cooperação do Golfo.

O Qatar reagiu, acusando os seus quarto opositores de exigências feitas para serem rejeitadas e de violarem a lei internacional e a soberania do Qatar.

Sem ter cumprido as exigências, que incluíam o encerramento da estação televisiva Al-Jazeera, a redução das relações diplomáticas com o Irão, o fim do financiamento ao terrorismo e o encerramento de uma base militar turca no seu território, e face ao fim do prazo dado pelos quatro países árabes, o Qatar terá respondido através do Koweit, mediador neste processo, de forma globalmente negativa e sem substância, segundo referiu fonte diplomática egípcia à CNN.

Segundo a estação televisiva norte-americana, o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, Al-Jubeir, terá admitido logo na 4ª feira que “o boicote político e económico…vai continuar até que o Qatar altere as suas políticas para melhor”.

Outros desenvolvimentos políticos na região, como a nomeação de um herdeiro do trono saudita conhecido pela sua hostilidade para com o Irão (Mohammed bin Salman bin Abdulaziz), o apoio da Turquia à posição do Qatar, ou a presença de uma base militar norte-americana no Qatar, para só mencionar alguns, deixam antever uma solução complexa para a situação, numa das zonas mais sensíveis do globo.



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