O Bluetech Accelerator – Ports & Shipping 4.0, criado pelo Governo e pela FLAD, conta com a APDL, APS, Inmarsat, Tekever, Grupo ETE e Portline como parceiros pioneiros do projecto
Bluetech Accelerator – Ports & Shipping 4.0

Foi ontem apresentado, em Lisboa, o Bluetech Accelerator – Ports & Shipping 4.0, um programa de aceleração de startups da economia do mar, promovida pelo Governo e pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) na sequência de um protocolo assinado entre o Ministério do Mar e aquela instituição em Novembro de 2017 que previa a criação de um «Programa Ocean Portugal».

De acordo com o Director-Geral de Política do Mar, Ruben Eiras, que apresentou o projecto, o Bluetech Accelerator – Ports & Shipping 4.0 surge no âmbito da Estratégia de Competitividade para os Portos Nacionais 2026 e constitui um instrumento de política pública. Na sua primeira edição, estará subordinada à digitalização do sector portuário, shipping e logística marítima.

O financiamento da iniciativa incluirá mecanismos já existentes no Ministério do Mar, designadamente, o Fundo Azul e o EEA Grants, do lado público, e o Oceans Assets Institute, um fundo de investimento suíço que apoia projectos na área do mar, do lado privado. O Governo conta ainda com o apoio da Beta-i, empresa criada em 2009 e especializada em programas de pré-aceleração e aceleração de startups, responsável pela aceleração de centenas de empresas desde a sua criação.

Participam igualmente, na qualidade de pioneiros, seis parceiros da economia do mar: duas empresas de transporte marítimo e logística (Grupo ETE e Portline), duas administrações portuárias (Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, ou APDL, e Administração dos Portos de Sines e do Algarve, ou APS) e duas empresas de robótica e sector digital (Tekever e Inmarsat). Serão elas que acolherão os projectos piloto da primeira edição da a Bluetech Accelerator – Ports & Shipping 4.0., participando no processo de selecção e financiamento das vencedoras.

O programa desta aceleradora de startups contempla quatro fases. A primeira é a das candidaturas, que arranca em 1 de Março e terminará com um primeiro leque de 40 empresas, das quais serão eleitas 25 para a segunda fase, o boot camp, que decorrerá de 17 a 21 de Junho. Nesta fase, as startups abordarão a sua metodologia, modelos de negócio e ferramentas. Numa terceira fase, as startups acederão a mentoring, formação e parceiros, durante cerca de três meses, até Outubro, durante os quais os finalistas desenvolverão os projectos piloto, antes de os apresentarem numa sessão pública perante investidores, no denominado Demo Day (quarta fase).

Conforme referiu a ministra do Mar, que encerrou o evento de apresentação, “com a BlueTech Accelerator – Ports & Shipping 4.0, pretende-se identificar e desenvolver uma pool de empresas inovadoras no sector digital e da indústria 4.0 que possam ter como clientes e investidores a comunidade empresarial do sector portuário, do shipping e da logística marítima”.

Para Ana Paula Vitorino, o objectivo desta iniciativa é “aumentar a atractividade do sistema portuário nacional para os grandes operadores globais do shipping e gerar novas dinâmicas de negócio assentes em soluções tecnológicas qualificadas e exportadoras”.

A ministra do Mar considerou igualmente importante “dinamizar a criação de soluções inovadoras, tendo em conta os key drivers de mudança do modelo de negócio portuário e do shipping, tais como a inteligência artificial, a economia de baixo carbono, a eficiência energética, os navios autónomos, os mercados online de shipping, a integração de processos com base na tecnologia blockchain, a ciber-segurança, a automação e a robotização das operações marítimo-portuárias”.

Na ocasião, recordou um estudo recente do Boston Consulting Group, segundo o qual “o volume do investimento dos últimos cinco anos em startups nas áreas de tecnologia digital e da indústria 4.0 nos portos, shipping e logística marítima, já se situa nos 3,3 biliões de dólares, com tendência para duplicar nos próximos cinco anos”, referiu a ministra do Mar.

Ana Paula Vitorino admitiu também que este programa de aceleração de startups pode contribuir para “tornar mais competitivo o Registo de Navios em Portugal, pois lançará as sementes da criação de um cluster digital fornecedor de vantagens competitivas próximo dos utilizadores dos registos nacionais”, mas recordou que para o sucesso e sustentabilidade desta iniciativa a longo prazo “é crucial o envolvimento e o compromisso do sector privado e do sector empresarial do Estado com a inovação como factor-chave da competitividade do seu negócio”.



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