“Para que a solidariedade não se torne um crime”, assim termina, Miguel Duarte, o vídeo onde pede auxílio monetário para enfrentar a acusação de que está a ser alvo por ter resgatado imigrantes no Mediterrâneo.
Na sequência das inúmeras notícias que ouvia sobre refugiados a pergunta que permanecia na sua cabeça – “Porque não eu?” – “ganhou vida” em 2016 quando decidiu, aos 24 anos, juntar-se como voluntário a uma tripulação de resgate marítimo no Mediterrâneo central a bordo do Iuventa. Ao fim de um ano tinha salvo, juntamente com a equipa, 14 mil vidas.
“Ao longo desse ano, vi passar pelas minhas mãos milhares de homens, mulheres e crianças em completo sofrimento. Basta um dia no mar para nos apercebermos que estas pessoas não vêm por escolha própria”, recorda o jovem.
O problema foi quando, em 2018, ano em que quase 2.300 pessoas morreram a tentar chegar à Europa pelo Mediterrâneo, foi notificado oficialmente pelo Ministério Público italiano que o acusa, juntamente com a restante tripulação, de apoio à imigração ilegal, tráfego humano e posse de armas de fogo. Apesar de as primeiras duas acusações já não existirem, permanece a terceira, que o pode sujeitar a 20 anos na prisão.
Segundo o PPL, plataforma de angariação de financiamento, a campanha de angariação de fundos para Miguel Duarte, que começou a 7 de Junho, já recolheu quase 14 mil euros que o ajudarão a suportar os custos legais do processo — mais quatro mil do que estava inicialmente estipulado. A campanha termina a 12 de julho.
Miguel Duarte, aluno de doutoramento em Matemática no Instituto Superior Técnico, conta a sua história na página da PPL, afirmando que faria tudo novamente. “Não tenho a mais pequena dúvida que tirar estas pessoas da água é o que está certo. E não tenho a mais pequena dúvida de que qualquer pessoa teria feito o mesmo”, refere determinado o jovem cuja história já corre nas redes sociais com a hashtag #EuFariaOMesmo.
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