Sem surpresa, a China será o principal beneficiário da iniciativa, mas também os Estados Unidos, Ásia Central, Ásia Oriental e Europa (incluindo Espanha) sentirão relevante impacto económico
Centre for Economics and Business Research

Portugal não consta da lista dos 50 países que conhecerão maior impacto económico do projecto chinês «Uma Faixa, Uma Rota» (One Belt, One Road) até 2040 elaborada recentemente pelo Centre for Economics and Business Research (CEBR) do Reino Unido. No entanto, a lista contempla 17 países europeus, o primeiro dos quais é o Reino Unido (se considerarmos a Rússia como parte da Ásia Central, segundo o critério do CEBR), que surge em 7º lugar, com um impacto de 178 mil milhões de dólares (160 mil milhões de euros, a valores actuais) no seu Produto Interno Bruto (PIB). Embora seja uma estimativa a duas décadas de distância, é sintomática das expectativas do mercado face à evolução dos países relativamente ao maior projecto global de inclusão comercial, numa perspectiva de longo prazo.

Os restantes países europeus incluídos são a Holanda (9ª posição), Turquia (12ª), Alemanha (13ª), Itália (16ª), Dinamarca (17ª), Espanha (19ª), Suécia (21ª), França (23ª), Polónia (24ª), Ucrânia (32ª), Roménia (35ª), Sérvia (40ª), República Checa (42ª), Noruega (47ª), Hungria (48ª) e Suíça (49ª). A lista é encabeçada pela China, com um impacto de 1,777 triliões de dólares (1,5 triliões de euros) no PIB, seguida a larga distância pelos Estados Unidos (402 mil milhões de dólares, ou 361 mil milhões de euros), Rússia (377 mil milhões de dólares, ou 338 mil milhões de euros), Japão (282 mil milhões de dólares, ou 253 mil milhões e euros) e Indonésia (267 mil milhões de dólares, ou 240 mil milhões de euros).

No estudo de que resultou esta lista, o CEBR considerou o impacto da iniciativa chinesa na economia mundial, em cada uma das dez regiões do globo e nas 25 principais economias, refere um comunicado da instituição. E concluiu que em 2040, o projecto «Uma Faixa, Uma Rota» deverá impactar anualmente o PIB mundial em 7 triliões de dólares (6,2 triliões de euros, a valores actuais).

Numa análise por país, a China é claramente o maior beneficiário do projecto, até porque é o principal envolvido. Os Estados Unidos, apesar de não serem actualmente parceiros do projecto, também serão fortemente impactados, embora por via indirecta, devido à dimensão e disseminação da sua economia. E vários Estados da Europa Ocidental, que tem desdenhado a iniciativa, tal como os Estados Unidos, também beneficiarão, podendo, porventura, e tal como os Estados Unidos, vir a aderir ao projecto, conforme já tem sido adiantado por alguns analistas.

Por regiões, o estudo considera que as zonas mais transformadas pela iniciativa serão, provavelmente, a Ásia Central e a Rússia, onde o PIB será 18% acima do actual em 2040. Na Europa Central esse impulso estimado será de 6%, na Ásia Oriental será de 5% e nos Estados Unidos será de 1,4% (proporcionalmente menos do que noutros países, mas em valores absolutos superior a qualquer outra economia, com excepção da China). Os maiores impactos em termos proporcionais serão na Mongólia, Paquistão, Quirguistão (ou República Quirguiz) e Rússia.

O estudo também estima o efeito de um retardamento dos projectos associados à iniciaitva chinesa, por eventual desaceleração da economia ou por dificuldades técnicas. E calcula que se a despesa com projectos ligados à «Uma Faixa, Uma Rota» for reduzida a metade, a partir de uma despesa base de dois triliões de dólares (1,7 triliões de euros), o PIB mundial será reduzido em 900 biliões de dólares (808 biliões de euros), ou 0,5%, afectando principalmente a Ásia Central, onde o PIB será reduzido em 5,9%.



Um comentário em “Portugal fora dos 50 maiores beneficiários da «One Belt, One Road» em 2040”

  1. Manuel Ferreira Fernandes diz:

    MAIS UMA OPORTUNIDADE PERDIDA…
    Embora seja aqui “Onde a Terra se acaba e o Mar começa”.
    Embora tenhamos descoberto e aberto novas rotas interoceanicas…
    Embora tenhamos os portos europeus mais próximos dos continentes Americanos e Africano e do Canal do Panamá.
    Ficaremos de fora do OBOR por falta de visão e clarividênia dos governantes…
    Balcanizados ferroviariamente, incapacitados de “Pelo Mar dar Continuidade à Ferrovia e pela Ferrovia dar continuidade ao Mar”…
    Incapazes de nos assumirmos como “Porta Atlântica” da Europa Continental…

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