Com o objectivo de antecipar a publicação do parecer do ICES (Conselho Internacional para a Exploração dos Mares) sobre a sardinha ibérica e a avaliação que o mesmo fará sobre o plano de recuperação apresentado por Portugal à Comissão Europeia (plano que estabelecerá as quotas para os próximos anos), a PONG-Pesca (Plataforma de Organizações não Governamentais sobre a Pesca) promoveu, na passada Sexta-feira, um evento, denominado «A Ciência na Gestão das Pescas – esclarecer e aproximar».
Além da antecipação, o evento, no qual participaram 30 profissionais de várias áreas relacionadas com a pesca, visou diminuir a distância entre o ICES e os stakeholders portugueses que conduz a um desentendimento sobre os pareceres, procurando esclarecer como são produzidos e de que forma podem os interessados intervir no processo de produção de aconselhamento científico e das pescarias.
Entender os processos do ICES para a avaliação das quotas, bem como a percepção dos investigadores do IPMA envolvidos na avaliação dos stocks portugueses torna-se crucial para um trabalho em conjunto. Como refere Gonçalo Carvalho, da coordenação da PONG-Pesca, “a ciência é a base de uma gestão pesqueira sustentável. Há de facto necessidade de haver uma maior abertura da ciência a todos os envolvidos na pesca e ao público em geral e temos verificado que os investigadores estão cada vez mais disponíveis para as outras partes interessadas e os seus contributos. Para nós, esta aproximação é essencial, pois o resultado será́ uma maior compreensão dos pareceres científicos e do processo que os gera, mas também um reforço da confiança e das condições para que os investigadores possam fazer o seu trabalho.”
Todo o estudo é importante para recomendar as capturas para o ano, apesar de estar sempre associado um limite de incerteza de 20%. E por vezes, devido às variações do stock, torna-se difícil ajustar um modelo. A primeira avalição do stock da sardinha vai ser feita em Junho, para fazer as recomendações relativas ao período de Junho de 2018 a Junho de 2019. Neste âmbito, o principal obstáculo encontrado pelo sector é a falta de coincidência entre a época certa para pescar e as avaliações e, posteriormente com os pareceres. O biqueirão, pode ser um exemplo. Desde final de Agosto até Fevereiro é a época ideal para pescar, quando está grande e tem valor, no entanto, nos últimos dois anos, os pareceres têm saído tardiamente, o que impede de pescar na época certa, gerando desperdício.
- Karapau: uma Aplicação ao serviço da remuneração dos pescadores
- Pesca: um sector crucial quase esquecido pelo Governo
- Aquazor: um dos mais avançados projectos de aquacultura offshore em Portugal
- Docapesca: náutica de recreio e o plano de investimentos
- Pela valorização do peixe e dos pescadores Portugueses
- Como se delapida Capital Natural
- Não pensamos a pesca e o futuro do sector pode estar em causa
- Uma nova era, finalmente, para a aquacultura em Portugal?