Um relatório do World Animal Protection demonstra que uma grande percentagem de animais marinhos é afectada pelas redes de pesca abandonadas no mar
World Animal Protection

A redução de stocks de peixe deve-se a vários motivos, entre os quais as artes de pesca fantasma (de 5% a 30% da redução). Todos os anos são apanhados nessas malhas perdidas no mar cerca de mil baleias e golfinhos, que representam 45% dos mamíferos em Lista Vermelha (vias de extinção), segundo um relatório da World Animal Protection (WAP) recentemente divulgado.

No relatório, a WAP apela às 15 maiores empresas de pesca do mundo para evitarem a perda de mais redes. Ainda que, como indica o documento, 80% das empresas avaliadas não tenha uma posição clara sobre artes de pesca fantasma e por isso não reconheçam o problema.

Num quadro elucidativo sobre o estado das empresas estudadas, os dois principais critérios para evitar esta situação (melhores práticas e integração na estratégia de negócio) não estão preenchidos por nenhuma delas.

O terceiro critério (boa prática em curso mas com muito por fazer) é cumprido pela Thai Union (John West), TriMarine e Young’s Seafood. O quarto critério (boa prática agendada mas pouca evidência de cumprimento) surge cumprido pela Bumble Bee Foods e Dongwon. E o quinto critério (empresas que nada estão a fazer neste sentido) está associado à Beaver Street Fisheries, Clearwater Seafoods, Cooke Seafood, East Cost Seafood Group, High Liner Foods, Maruha Nichiro, Nissui, Pacific Seafood Group, Pescanova e Samherji.

Com números exorbitantes e empresas despreocupadas, segundo o relatório, destacam-se cerca de 25 mil redes encontradas anualmente no Atlântico. E em quase 5 mil redes abandonadas estão enredados mais de 3,5 milhões de animais marinhos, incluindo 1.300 mamíferos marinhos, 25 mil aves e 100 mil peixes. Sendo que se estima que mais de 15 mil armadilhas se perdem na área de estudo, todos os anos.

Ben Pearson, da WPA, referiu a propósito que “o equipamento de pesca é projectado para capturar e matar, e quando é perdido ou abandonado no oceano continua a fazer isso, tornando-se a forma mais nociva de morte para animais marinhos. Os animais capturados neste persistente equipamento podem sofrer feridas debilitantes, sufocar ou morrer de fome durante vários meses. Esperamos ver as empresas de pesca em posições mais baixas do ranking a trabalhar para resolver este problema global nos próximos anos. E participar na Global Ghost Gear Initiative (GGGI) é um primeiro passo importante que podem dar”.

O GGGI é uma aliança fundada pela WPA em 2015, dedicada a abordar o problema das artes de pesca fantasma à escala global, incluindo soluções práticas para erradicação do problema e envolve elementos da indústria da pesca, sector privado, meio académico, Governos, organizações intergovernamentais e não governamentais.



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill