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O valor global de oceanos e zonas costeiras da Melanésia, uma área do Oceano Pacífico que inclui as Ilhas Fiji, a Nova Caledónia, a Papua Nova Guiné, as Ilhas Salomão e as Ilhas Vanuatu é de cerca de 503 mil milhões de euros, revela um relatório recente da World Wild Fund (WWF) intitulado Reviving Melanesia’s Ocean Economy: The Case for Action, com base em dados de 2015.

Esse valor integra activos primários, como pescas, recifes de coral, mangueirais e ervas marinhas (estimados em 487 mil milhões de euros), e activos adjacentes, como linhas costeiras produtivas (designadamente, o turismo) e absorção de carvão (estimados em 15 mil milhões de euros).

Mas exclui os valores das actividades marítimas que não dependem da função ecológica do oceano, como extracção de minerais offshore ou o transporte marítimo, nem o de activos cujos dados não estavam disponíveis, nem o de activos intangíveis, como o papel do oceano na regulação do clima, na produção de oxigénio, na estabilização da temperatura ou na função cultural e espiritual associada.

O relatório refere também que a produção económica anual (algo como o produto marinho bruto) do Mar da Melanésia é de, no mínimo, cinco mil milhões de euros, equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) combinado das Ilhas Fiji e das Ilhas Salomão, o que a torna a terceira maior economia da região. “Como a maioria dos países da região são grandes Estados oceânicos, mais do que pequenos Estados insulares, a gestão dos recursos marinhos e costeiros é vital para a sua sobrevivência”, diz o documento.

Destes cinco mil milhões, 56% resultam de uma produção directa do oceano (53% da pesca comercial, 2% da pesca não industrial e 1% da aquacultura), 27% de benefícios conexos (20% do turismo costeiro, 5% do sequestro de carbono e 2% da protecção costeira) e 17% de serviços directos proporcionados pelo oceano (9% pela indústria de cruzeiros e 8% pelo turismo marinho).

O documento recorda que a Melanésia tem 98% da massa terrestre dos países-ilha e territórios do Oceano Pacífico e cerca de 87% da sua população. Colectivamente, as Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) da região são mais vastas, cobrindo 8 milhões de Km2, aproximadamente o equivalente à ZEE da Austrália.

O estudo refere também que as pescas representam mais de metade do produto anual da economia marinha da Melanésia e que 70 por cento de toda a produção pesqueira nas ilhas do Pacífico é para subsistência. De acordo com projecções, será necessário pescar mais 60 por cento do que actualmente para alimentar toda a população regional em 2030.

Como muitos dos activos identificados estão em declínio e as populações da região dependem em boa parte deles para a sua subsistência, sem contar com o papel não contabilizável dos oceanos em matéria climática, o relatório faz um apelo à acção e sugere algumas medidas para os proteger, sob pena de as fundações económicas da região ficarem seriamente ameaçadas.

Tais medidas incluem implementar um grupo de coordenação melanésio para um roteiro de pesca costeira, elaborar um plano de protecção destinado a preservar recursos importantes, fazer abordagens orientadas para os ecossistemas destinadas à boa gestão dos recursos, desenvolver acções para desacelerar o ritmo das alterações climáticas, apoiar parcerias vocacionadas para a salvaguarda dos recursos e investir na qualidade da educação e na igualdade de género.



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