Metamorfose: guerreiros salva-vidas

O Reino Unido é um reino insular, cuja comunidade marítima investe fortemente na salvaguarda da vida humana no mar.

Em todo o mundo, os habitantes deste Reino, são conhecidos por Britânicos. Este termo e o termo Grã-Bretanha têm origem na Britânia Romana, nome dado às ilhas a noroeste da Europa Continental. As invasões Romanas da Britânia ocorreram no século I d.c., sendo que no século II a Britânia Romana veio a ser personificada através do símbolo de uma deusa guerreira, armada com um tridente e escudo e usando um capacete de centurião. Apesar do Império Romano ter retirado das Ilhas Britânicas no século V, depois da forte oposição bélica dos habitantes da ilha, o nome Britânia e a imagem da deusa do tridente, por vezes transportada por cavalos-marinhos, perduraram no tempo, tendo chegado ao nosso século, o século XXI, como símbolos do poder guerreiro naval Britânico, que cruzou mares e oceanos, criando um dos maiores impérios ultramarinos de sempre.

Desse império marítimo restam ainda importantes possessões ao longo de todo o Oceano Atlântico e no Oceano Índico que fazem com que o Reino Unido controle a quinta maior Zona Económica Exclusiva do mundo.

É louvável, ver um país, historicamente guerreiro, utilizar, atualmente, a sua energia, na concretização e no ensino da salvaguarda da vida humana no mar. A entidade responsável pela salvaguarda da vida humana na orla costeira da Grã-Bretanha é um caso de excelência a nível global, constituída na sua maioria por voluntários, mas gerida por um núcleo duro de operacionais profissionais bem preparados e com grande experiência prática, tem como objetivo manter a liderança global em termos de prevenção e salvaguarda da vida humana no mar. Muitos países escolhem o Reino Unido para prepararem as suas melhores equipas de salvamento. Ser a referência internacional no que se refere à salvaguarda da vida humana no mar só é possível porque toda a comunidade marítima britânica se une em volta deste nobre objetivo de salvar vidas e, canaliza a sua energia guerreira, para a formação, nacional e internacional, de capital humano competente e para a construção de embarcações e equipamento especializados em salvamento marítimo.

Aparentemente, o desenvolvimento económico e social do Reino Unido trouxe um aumento da importância do salvamento de vidas no mar. De uma certa forma, parece ter havido, ao longo dos séculos, uma metamorfose de guerreiros, em salva vidas.

O que aconteceria, em todo o mundo, se se canalizasse a energia bélica para energia investida em salvamentos? Nos dias de hoje, com notícias diárias sobre guerras e ataques terroristas fratricidas, talvez este pensamento seja um pensamento utópico. No entanto, a bravura de todos os que se dedicam à salvaguarda da vida humana no mar, em qualquer país, muitas vezes correndo perigo de vida, enche-nos de esperança que, um dia, a metamorfose de transformar guerreiros em salva vidas possa mesmo vir a acontecer…

 



Um comentário em “O Mar no Mundo”

  1. Hugo Bastos diz:

    A salvaguarda da vida humana no mar e regulada internacionalmen.te pela IMo atraves da convencao SOLAS, os Ingleses so teriam que seguir estas orientacoes mas ….. Criaram regras MCA. A sua leitura e interessante e pode ser objeto de reflexao.
    E em Portugal o que se passa?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill