Ulvano extraído de macroalgas tem aplicação médica

Em 2016, a Stemmatters, empresa de biotecnologia vocacionada para a medicina regenerativa, estima investir cerca de um milhão de euros, essencialmente em actividades de investigação e desenvolvimento, referiu ao nosso jornal o seu CEO, Rui Amandi de Sousa. Entre os alvos do investimento estará uma “plataforma baseada num polissacárido marinho que é extraído de macroalgas, cujo nome comum é ulvano”, explicou-nos este responsável. E acrescentou que até agora a empresa desenvolveu “um processo de extracção e purificação da molécula com escalabilidade industrial” e procedeu “ao desenvolvimento de inúmeras moléculas baseadas no ulvano, com vista à melhoria da sua performance físico-química e biológica no contexto de diversas aplicações médicas”. A espécie com que trabalham abunda na costa portuguesa e “é passível de produção controlada em larga escala”, nota o mesmo responsável. No âmbito desta actividade, trabalham com materiais fornecidos por empresas e instituições nacionais e estrageiras”, esclareceu Rui Amandi de Sousa.

 

Preferência às doenças de cartilagem

A ambição dos responsáveis da Stemmatters é “desenvolver dispositivos médicos que possam ser utilizados de forma isolada ou combinada (com moléculas activas ou células) na regeneração total de tecidos ou na redução da progressão de doenças degenerativas”, considera o CEO. Atá aqui, a empresa tem dado especial atenção ao tratamento “de doenças músculo-esqueléticas e em particular no tratamento de doenças de cartilagem”, acrescentou, embora admitindo que “os dispositivos médicos que estão em desenvolvimento na empresa possuem um potencial de aplicação bastante mais vasto”.

Criada a partir do Grupo de Investigação 3Bs (Bio-materiais, Bio-degradáveis e Bio-miméticos), um laboratório português instituído em 1998 e associado à Universidade do Minho, a empresa está situada em Guimarães, no mesmo edifício do European Institute of Excellence on Tissue Engineering and Regenerative Medicine Research. De acordo com informação prestada no seu site, os investidores são de origem nacional e incluem a empresa de capital de risco Pathena SGPS SA, a Daninves SGPS, a BETA SGPS SA, o CGC (Centro de Genética Clínica e Patologia) SA e a Caixa Capital – Sociedade de Capital de Risco SA. A par das actividades internas de investigação – têm uma equipa própria, com nove investigadores, dos quais cinco são doutorados -, através das quais coopera com entidades científicas e tecnológicas nacionais bem como com entidades privadas e públicas estrageiras, a empresa “presta serviços de manufactura e desenvolvimento para clientes exclusivamente estrangeiros”, referiu-nos Rui Amandi de Sousa.



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