Este ano, se outro motivo não houvesse para celebrar o aproveitamento dos bio-recursos marinhos pela indústria portuguesa, pelo menos, já ficaria assinalado pela criação formal da My.Skinmix, uma empresa portuguesa de cosméticos que integra recursos marinhos nos seus componentes. O projecto nasceu há dois anos e meio e valeu aos promotores um 2º lugar no Energia Portugal 2013 e, posteriormente, o 1º lugar no Lisbon Challenge Fall 2014, que é o maior acelerador de empresas da Europa. Embora tenham procurado e encontrado investidores interessados em 2015, face a uma necessidade de 200 mil euros para a instalação de uma unidade produtiva própria, os seus responsáveis preferiram continuar a aplicar o seu capital, exclusivamente português, e a manter a sua base na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Hoje, a My.Skinmix é uma empresa de co-criação de cosméticos, “ou cosméticos à la carte”, como lhes chama Helena Vieira, professora convidada da Faculdade de Ciências e uma das co-fundadoras. “Neste momento, tudo o que ganhamos, reinvestimos”, esclareceu a responsável. “O nosso conceito é uma inovação mundial”, esclarece Helena Vieira. E qual é ele? Produção de componentes para cosméticos e sua comercialização personalizada, à medida do interesse do consumidor. “Temos a base, a textura e o aroma”, e o consumidor selecciona a combinação que mais lhe convém para compor o seu cosmético final. Uma escolha e preparação feitas com o auxílio da empresa, considerando a composição dos produtos e as características da pele do consumidor. “Temos ferramentas de diagnóstico para ajudar a escolher o ingrediente activo”, explica Helena Vieira.
Os componentes são todos orgânicos. “A cosmética orgânica é o parente verde da cosmética”, refere a co-fundadora da empresa. E são todos fabricados em Portugal, na Faculdade de Ciências, por cientistas nacionais. É nesses componentes que se encontra o elemento marinho. “Procuramos ingredientes validados cientificamente e temos três com origem marinha”, explica. Todas as bases têm elastano marinho. O elastano é uma fibra que confere elasticidade aos tecidos (neste caso, à pele, que perde elastano com o envelhecimento). “Temos também ingredientes que são vitaminas, co-enzimas, co-factores, encapsulados em cápsulas de gel de macroalga”, esclarece Helena Vieira. Estão protegidos pela cápsula porque são ingredientes que perdem actividade em contacto com o ar. “Nós fornecemos as cápsulas aos clientes, que as colocam no creme”, continua a responsável. No contacto do creme com a pele, a cápsula desfaz-se e o princípio activo introduz-se directamente no organismo.
Depois de ano e meio a desenvolver tecnologia para formular e estabilizar os componentes de forma separada, um objectivo alcançado, este projecto converteu-se em empresa e dedica-se a satisfazer as necessidades do mercado. Com recurso ao mar.
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