Reuniões com operadores portuários e sindicato de estivadores geram nova ronda de conversações

No final das reuniões que manteve hoje, 28 de Dezembro, em separado, com representantes da Associação dos Operadores do Porto de Lisboa (AOPL) e do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, afirmou que ambas as partes vão retomar conversações para terminar com o conflito laboral existente no porto de Lisboa.

De acordo com a ministra, até ao fim de Janeiro “devem estar elencadas as razões que assistem a um lado e outro e também as soluções possíveis para resolver o diferendo”. Para o efeito, será criado um grupo de trabalho, coordenado pela Administração do Porto de Lisboa, cuja presidente, Marina Ferreira, acompanhou hoje a ministra nas reuniões. Embora preferisse que esta fase fosse mais curta, a ministra acedeu em conceder um mês ao grupo, a pedido de uma das partes.

Sem querer assumir o papel de mediadora, Ana Paula Vitorino, no entanto, admitiu “que não pode estar a passar-se este descalabro à nossa frente e não intervir”. Referiu ainda que “qualquer diferença que possa existir não pode ser mais importante do que o porto de Lisboa”. Para a ministra do Mar, “só com paz social é que o porto de Lisboa pode cumprir o seu desígnio, que é ser um grande porto da área metropolitana de Lisboa, e também um porto que pode chegar a ter uma área de influência até Madrid”.

António Mariano, do sindicato dos estivadores, à saída da reunião, confirmou a disponibilidade para retomar o diálogo com os operadores portuários, afirmando até que não colocara condições. Para o sindicalista, o ideal era que o processo “fosse célere” e adiantou que entre os aspectos que deverão ser discutidos estará “o ingresso dos trabalhadores pela empresa de trabalho portuário”, que terá gerado maus resultados noutros locais. Questionado pelo nosso jornal sobre que passo dará o sindicato se até ao final de Janeiro o impasse se mantiver, António Mariano declarou-nos que isso teria que ser discutido com os associados, mas reconheceu que neste momento prefere “ter esperança num resultado positivo”.

Em resposta a uma jornalista, admitiu que não sentiu abertura para negociar da parte do Governo anterior. E, numa alusão ao Grupo Yildirim, que está em fase de aquisição dos negócios portuários da Mota-Engil, incluindo no porto de Lisboa, mostrou-se preocupado por se tratar de “um grupo com práticas anti-sindicais muito fortes”.

Os três representantes da AOPL presentes na reunião da associação com a ministra do Mar optaram por não prestar declarações aos jornalistas. Entretanto, o nosso jornal apurou que o novo sindicato de estivadores do porto de Lisboa, menos representativo do que o sindicato que hoje reuniu com Ana Paula Vitorino, não efectuará qualquer reunião com a ministra por não se justificar, já que não mantém conflitos laborais com ninguém. Apurámos ainda, embora sem confirmação, que as primeiras reuniões do diálogo hoje anunciado deverão ter lugar na próxima semana.

 



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