Face à contestação de que tem sido alvo a instalação do projecto no concelho por parte da comunidade piscatória local, a ministra do Mar agendou uma reunião com o presidente da Câmara de Viana do Castelo e representantes do sector da pesca
Tauron

Em comunicado, o Ministério do Mar confirmou o agendamento de uma reunião para amanhã com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, José Maria da Costa, e com “representantes da comunidade piscatória de Viana do Castelo” destinada a debater o efeito da instalação do parque eólico flutuante (projecto Widfloat) no concelho.

Segundo foi noticiado na imprensa, a reunião foi solicitada pelo autarca (eleito pelo Partido Socialista) com carácter de urgência, “na sequência das preocupações que lhe foram transmitidas por 15 armadores de Viana do Castelo, Caminha, Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Esposende e com as associações Vianapesca e Promar”, refere o jornal O MINHO.

O mesmo jornal refere que a localização de plataformas do parque eólico flutuante é alvo de contestação por prejudicar “o espaço de instalação das artes de pesca de 14 embarcações, das quais dependem mais de 140 famílias”. Uma preocupação que os armadores e representantes dos pescadores terão manifestado “durante o período de consulta público do projecto eólico”, diz o mesmo jornal, sem que as mesmas tenham sido atendidas.

O Diário de Notícias e a LUSA referem que segundo o autarca, os pescadores confirmaram, numa reunião, “não ter tido resposta aos ofícios e e-mails enviados à tutela e à EDP, tendo apenas sido informados, recentemente, de que as plataformas flutuantes vão ficar no mesmo local, desconsiderando as preocupações dos pescadores e da autarquia”.

Em causa está a instalação de um projecto de aproveitamento da energia das ondas, coordenado pela EDP Renováveis, que integra diversos parceiros (Principle Power, Repsol, Portugal Ventures e A. Silva Matos) e está orçado em 125 milhões de euros.

A importância do projecto é destacada pelo Ministério do Mar, que no seu comunicado refere que se trata de um caso pioneiro “a nível mundial, que visa a exploração do recurso eólico em águas profundas”, com “especial importância para o país e para a região de Viana do Castelo” e que abre “um novo campo de exploração dos recursos energéticos sustentáveis no mar e de produção de energia renovável, criando um novo sector industrial e muitos novos postos de trabalho”.

No mesmo comunicado, o Ministério do Mar recorda que “o projecto Windfloat Atlantic foi alvo de várias iniciativas de esclarecimento em Viana do Castelo, quer junto da Câmara Municipal quer junto da população local, em particular da comunidade piscatória de Viana do Castelo” e que “em todo este processo, o Ministério do Mar fez um esforço significativo de conciliação entre as actividades de pesca já existentes e o novo projecto Windfloat Atlantic, estando hoje seguro que o resultado final se traduz numa harmonização entre as actividades”.

Diz também o Ministério do Mar que admite a importância das pescas para o país e para Viana do Castelo, notando que esta actividade e os seus profissionais sempre foram considerados prioritários “em todos os processos e particularmente no do Windfloat Atlantic, razão pela qual foram inclusive feitas alterações no desenho inicial do projecto, de forma a impactar o menos possível nas actividades de pesca já instaladas na zona”.



2 comentários em “Ministra do Mar discutirá Windfloat com autarca e pescadores de Viana do Castelo”

  1. Avelino Freitas diz:

    Totalmente de acordo.

  2. Pedro Valle Teixeira diz:

    Só agora é que a C.M.Viana do Castelo acordou para o óbvio?!
    Os promotores do Projecto W.F.A. não se preocuparam até agora com a informação e diálogo com as Comunidades directamente envolvidas e mais interessadas na implantação do Parque Eólico Offshore, o que é no contexto actual a nível internacional inconcebível!
    Tanto quanto sei, apenas o WavEC, que há muito está a fazer uma monitorização Ambiental da fauna in loco, se preocupou em dialogar com a comunidade piscatória. Aliás já o tinha feito de forma brilhante na fase de projecto do WindFloat Fase1.
    Sinceramente só vejo utilidade nesta reunião se fosse liderada pelo Project Manager do Projecto com a sua equipa, envolvimento obrigatório do parceiro WavEC, e não agregando na mesma reunião comunidade piscatória e outros eventuais interessados.
    Os possíveis impactos do W.F.A. não são uma questão política…!!!

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