Mais de 300 mil migrantes e refugiados cruzaram o Mediterrâneo rumo à Europa entre Janeiro e Setembro (inclusive) deste ano, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Este número representa uma diminuição de 42% face a igual período de 2015, quando 520 mil pessoas fizeram esta travessia.
A diminuição, no entanto, não afasta preocupações no seio da ACNUR. Por um lado, o número ainda supera o das chegadas registadas à Europa em 2014, que foi de 216.054. Por outro, o número de “pessoas registadas como mortas ou desaparecidas, até ao momento (3.211), é somente 15% menor do que o número total de vítimas durante todo o ano de 2015 (3.771)”, refere a ACNUR.
Tais dados levaram a ACNUR, através do seu porta-voz, Willian Spindler, a admitir que 2016 poderá vir a ser “o ano mais letal já registado no Mar Mediterrâneo”, no âmbito da vaga de pessoas provenientes de África e Médio Oriente que procuram, nos últimos anos, chegar à Europa, fugindo de conflitos armados ou de más condições de vida.
Uma análise mais detalhada aos dados permitiu ao ACNUR concluir que os migrantes e refugiados que cruzaram o Mediterrâneo em direcção à Europa em 2016 provinham de cinco nacionalidades – Síria, Afeganistão, Iraque, Nigéria e Eritreia -, correspondendo a “68% de todas as chegadas”.
Para a ACNUR, a” situação evidencia a necessidade urgente dos países aumentarem suas as vias de admissão de refugiados, como a recolocação, o financiamento privado, a reunião familiar, os sistemas de bolsas estudantis, entre outros, para que os refugiados não tenham que recorrer às viagens perigosas e aos contrabandistas”.
Nesse sentido, o ACNUR tem pedido “aos Estados-membros da União Europeia para reforçar suas promessas”, designadamente, implementando o plano estabelecido em 2015 para realojar 160 mil migrantes.
“Temos solicitado que os Estados-membros da UE reforcem as suas promessas, inclusive para crianças desacompanhadas e separadas, de acelerarem o registo e a transferências de candidatos, e que pessoas de outras nacionalidades que também fogem da guerra e de perseguição tenham acesso ao plano”, explicou Spindler.
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