Num relatório, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) analisou o desempenho dos portos do Continente e concluiu que se verificou uma diminuição de 4,1% no movimento de carga nos primeiros sete meses do ano face ao período homólogo de 2017
ESPO

Os portos do Continente movimentaram um volume de 54,7 milhões de toneladas de carga entre nos primeiros sete meses do ano (Janeiro a Julho, inclusive), menos 2,3 milhões (ou -4,1%) do que em igual período do ano anterior, revela a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). A AMT, no entanto, destaca que em Março essa quebra era de -10,8%, pelo que os -4,1% actuais representam, segundo aquela entidade, uma tendência para recuperar.

Para a AMT, conforme se lê no relatório publicado, “as cargas que maior responsabilidade têm neste comportamento negativo do mercado portuário são a Carga Contentorizada, o Carvão, a Carga Fraccionada e os Produtos Petrolíferos”, que “registaram quebras significativas de, respectivamente, 1,17 milhões de toneladas (-5,5%), de -657 mil toneladas (-26,6%), de -336,9 mil toneladas (-9,7%), e -222,5 mil toneladas (-2,2%)”.

“As únicas cargas que registaram comportamentos positivos no período em análise foram a carga Ro-Ro que, embora com uma quota de apenas 1,7%, cresceu +18,4%, os Produtos Agrícolas, que (destacando a natureza provisória dos dados) registaram uma variação positiva de +6,9%, e os Outros Granéis Sólidos, que registaram um acréscimo de +7,5%”, refere a AMT.

Numa comparação face ao movimento portuário não dos últimos sete meses, mas dos últimos 12, a AMT revela que “foram movimentadas 93,6 milhões de toneladas e a variação face a idêntico período imediatamente anterior é de -4,1%” idêntica à dos últimos sete meses reflectindo comportamentos negativos em todos os mercados de carga com excepção da Ro-Ro, Produtos Agrícolas, Outros Granéis Sólidos e Produtos Petrolíferos”.

Regressando aos últimos sete meses, e observando o movimento por porto, a AMT refere que entre aqueles com comportamentos positivos, “destacam-se Leixões, Aveiro e Figueira da Foz que registam crescimentos de +1,4%, +0,6% e +2,2%, respectivamente, conferindo-lhes a manutenção das melhores marcas de sempre nos períodos homólogos, independentemente do facto de no próprio mês de julho, por comparação a mês homólogo, os portos de Aveiro e Figueira da Foz terem registado um recuo de -7,4% e de -13,6%”.

De acordo com a AMT, o porto de Sines “tem sido o principal responsável pelo comportamento global negativo”, embora tenha registado “no próprio mês de Julho uma variação homóloga positiva de +3,6%, ficando, no entanto, em valores acumulados a -8% dos valores homólogos de 2017”.

Face à sua importância, importa sublinhar que neste período a carga contentorizada (quase 20 milhões de toneladas no total dos portos) registou “um recuo de ‑5,5%”, essencialmente devido ao comportamento do segmento de Contentores, que obteve “uma quebra de -5,1% no número de Unidades e de -5,6% no volume de TEU, fixando-se ligeiramente acima dos 1,7 milhões”, referiu a AMT. Um segmento com registo negativo na maioria dos portos, com excepção de Leixões.

Mais uma vez, a tendência negativa neste segmento está directamente relacionada com o desempenho do porto de Sines, que “condiciona, naturalmente, o comportamento global ao perder 80 mil TEU (‑7,5%)”, refere a AMT. Sem prejuízo da importância das perdas verificadas nos portos de Lisboa (-20 mil TEU), Figueira da Foz (-2,4 mil TEU) e Setúbal (-1,6 mil TEU), revela a AMT.

“No período em análise o volume de embarques, incluindo as operações subjacentes ao transhipment representaram 40,9% e registou uma quebra de -6% relativamente ao período Janeiro-Julho de 2017, enquanto o volume de desembarques, tendo representado 59,1%, registou uma quebra de -3,9%”, refere também a AMT.

A AMT observa também o movimento dos navios que escalaram os portos do Continente, “independentemente das operações que efectuaram e da sua tipologia, que inclui nomeadamente os navios de cruzeiro de passageiros”, registando que “apresenta uma tendência de crescimento nos períodos Janeiro-Julho desde 2008 de +0,5% ao ano, em termos do número das escalas, subindo para +1% no período mais recente de cinco anos”. “O cruzamento destes indicadores reflecte o aumento crescente da dimensão média e capacidade de carga dos navios que escalam os portos nacionais”, diz a AMT.



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