Jody Lot, um apaixonado pelo mar que aos sete anos resolveu começar a fazer mergulho em apneia, encantou-se de tal forma que não parou até hoje de praticar caça submarina. O caçador nato foi recentemente campeão mundial de pesca submarina pela segunda vez e não pretende deixar de praticar tão cedo, confessou ao Jornal da Economia do Mar.
Esta é a história de um homem do mar. Desde pequeno que pratica muitas actividades ligadas ao mar, a sua família gosta de pescar, o próprio já foi pescador e cozinheiro, dedicando-se apenas ao mar. Para tal, entre os patrocínios com que já conta, estão a Mares, de material de caça submarina, a Honda ou a AngelPilot, que o apoiam principalmente com material.
No entanto, ainda leva uma vida de campo, o peixe que traz dos seus treinos não se estraga e serve muitas vezes de moeda de troca, confessa o pescador que treina quatro vezes por semana, cerca de 7 horas por dia. Especialmente entre Faro e Sines, revelando que as suas zonas predilectas são a zona sul do Alrgarve, Albufeira e Portimão, e a zona de Sagres.
Revivendo o dia do campeonato, Jody Lot conta, passo a passo, recordando que o pior é sempre manter calma, que é ao mesmo tempo o seu maior desafio e que o encanta nos dias de prova. É igualmente importante “fazer uma boa leitura do que me rodeia, saber onde vão mergulhar os adversários, onde são os locais mais fortes, no fundo conhecer bem a zona”, explica.
Aquela que denomina como “caça leal”, pois há uma espécie de relação do pescador com o mar e todo o ambiente, podendo escolher-se o que caçar. Ainda que de um cardume que se escolha possa apanhar-se apenas um, os demais peixes fogem entretanto.
Para a competição, explica que há áreas determinadas, há quotas para tipo de peixe, bem como gramas estipuladas que se podem extrapolar num máximo em 100 gramas. E no dia da prova, têm cinco horas para resolver a questão, um barco e um barqueiro à disposição e uma regra crucial; no caso de o mar estar complicado, manter uma distância de 10 metros dos adversários.
E assim, o campeão mundial conseguiu fazer 35 peixes no primeiro dia, mesmo com condições complicadas, e 25 peixes no segundo dia, o que foi uma grande vitória, pois em média pescam-se 20 peixes.
Quando questionado acerca da sustentabilidade dos oceanos, Jody Lot contou-nos que na prova, o peixe foi doado à Santa Casa e ao Banco Alimentar, e em situações normais, é, por norma, aproveitado. No entanto, não vê esta questão como grave pois este é um desporto que polui muito pouco ou quase nada (apenas o barco que acompanha e uma ou outra flecha que se poderão perder) e não sendo um meio de pesca de rede, não se apanha todo o tipo de peixe de qualquer dimensão indo ao encontro da sustentabilidade no cuidado com o que se pesca.
O próximo passo é continuar a treinar para participar nos nacionais e se passar nas eliminatórias, estar, no próximo ano, no Campeonato Europeu de pesca submarina.
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