O praticante de caça submarina ganhou recentemente o prémio mundial de Pesca Submarina, em Sagres, numa competição com 150 atletas de 30 países.
Património Cultural Subaquático dos Açores

Jody Lot, um apaixonado pelo mar que aos sete anos resolveu começar a fazer mergulho em apneia, encantou-se de tal forma que não parou até hoje de praticar caça submarina. O caçador nato foi recentemente campeão mundial de pesca submarina pela segunda vez e não pretende deixar de praticar tão cedo, confessou ao Jornal da Economia do Mar.

 

Esta é a história de um homem do mar. Desde pequeno que pratica muitas actividades ligadas ao mar, a sua família gosta de pescar, o próprio já foi pescador e cozinheiro, dedicando-se apenas ao mar. Para tal, entre os patrocínios com que já conta, estão a Mares, de material de caça submarina, a Honda ou a AngelPilot, que o apoiam principalmente com material.

 

No entanto, ainda leva uma vida de campo, o peixe que traz dos seus treinos não se estraga e serve muitas vezes de moeda de troca, confessa o pescador que treina quatro vezes por semana, cerca de 7 horas por dia. Especialmente entre Faro e Sines, revelando que as suas zonas predilectas são a zona sul do Alrgarve, Albufeira e Portimão, e a zona de Sagres.

 

Revivendo o dia do campeonato, Jody Lot conta, passo a passo, recordando que o pior é sempre manter calma, que é ao mesmo tempo o seu maior desafio e que o encanta nos dias de prova. É igualmente importante “fazer uma boa leitura do que me rodeia, saber onde vão mergulhar os adversários, onde são os locais mais fortes, no fundo conhecer bem a zona”, explica.

 

Aquela que denomina como “caça leal”, pois há uma espécie de relação do pescador com o mar e todo o ambiente, podendo escolher-se o que caçar. Ainda que de um cardume que se escolha possa apanhar-se apenas um, os demais peixes fogem entretanto.

 

Para a competição, explica que há áreas determinadas, há quotas para tipo de peixe, bem como gramas estipuladas que se podem extrapolar num máximo em 100 gramas. E no dia da prova, têm cinco horas para resolver a questão, um barco e um barqueiro à disposição e uma regra crucial; no caso de o mar estar complicado, manter uma distância de 10 metros dos adversários.

 

E assim, o campeão mundial conseguiu fazer 35 peixes no primeiro dia, mesmo com condições complicadas, e 25 peixes no segundo dia, o que foi uma grande vitória, pois em média pescam-se 20 peixes.

 

Quando questionado acerca da sustentabilidade dos oceanos, Jody Lot contou-nos que na prova, o peixe foi doado à Santa Casa e ao Banco Alimentar, e em situações normais, é, por norma, aproveitado. No entanto, não vê esta questão como grave pois este é um desporto que polui muito pouco ou quase nada (apenas o barco que acompanha e uma ou outra flecha que se poderão perder) e não sendo um meio de pesca de rede, não se apanha todo o tipo de peixe de qualquer dimensão indo ao encontro da sustentabilidade no cuidado com o que se pesca.

 

O próximo passo é continuar a treinar para participar nos nacionais e se passar nas eliminatórias, estar, no próximo ano, no Campeonato Europeu de pesca submarina.



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