Fim das isenções a sanções sobre exportações de petróleo iraniano leva Teerão a reagir
Fujeira

O Irão ameaçou bloquear o Estreito de Ormuz se não puder usar essa via para exportar o seu petróleo, terá admitido o Contra-Almirante iraniano Alireza Tangsiri, citado em vários meios de comunicação internacionais. A ameaça surgiu depois de os Estados Unidos terem declarado que a partir de 2 de Maio deixam de isentar de sanções os países importadores de petróleo iraniano que até agora estavam livres de qualquer sanção sobre essas importações.

Segundo a Agência de Informação Energética dos Estados Unidos, citada pelo Safety4Sea, cerca de 18,5 milhões de barris diários de petróleo foram transportados pelo Estreito de Ormuz em 2016, ou seja, 30% do crude e outros combustíveis que foram transportados por mar nesse ano. Em 2017, esse número foi de 17,2 milhões de barris diários de crude e outros condensados foram transportados pelo Estreito e no primeiro semestre de 2018 o número já era de 17,4 milhões de barris diários, segundo a empresa de análise petrolífera Vortexa.

Do que não restam dúvidas é da importância do Estreito de Ormuz para a circulação marítima de boa parte do petróleo consumido em todo o mundo bem como para a de quase todo o gás natural liquefeito (GNL) produzido pelo principal exportador deste produto, o Qatar. Também é certo que um bloqueio do Irão a esta via, foco de tensões desde há décadas, não seria inédito. Todavia, existem alternativas para transportar este petróleo, nalguns casos envolvendo os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, que procuram contornar a necessidade do Estreito através da construção de mais oleodutos.

Recorde-se que em Novembro de 2018, na sequência de sanções impostas à economia do Irão por causa do programa nuclear de Teerão, os Estados Unidos isentaram temporariamente, por seis meses, alguns Estados – China, Índia, Itália, Japão, Coreia do Sul, Grécia, Turquia e Taiwan – de sanções pela importação de petróleo iraniano. Agora, segundo alguns meios de comunicação, a Administração Trump terá avisado o Japão, a Coreia do Sul, a Turquia e a China de que a isenção foi revogada.

O objectivo é reduzir a zero as exportações petrolíferas de Teerão, penalizando assim a sua economia e o regime no poder através da privação da sua principal fonte de receitas. Washington terá ainda referido que tem mantido um diálogo com a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e outros produtores que, juntamente com a sua própria capacidade produtiva, lhe permite admitir que o mercado terá capacidade suficiente de abastecimento petrolífero, apesar das sanções sobre as exportações petrolíferas do Irão.



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