Graneleiro

Embora 2017 tenha representado um bom arranque para o mercado dos graneleiros de sólidos, a consultora Maritime Strategies International (MSI) antecipa fracas perspectivas para este segmento devido a uma combinação de condições políticas e comerciais voláteis, refere o World Maritime News.

Segundo a consultora, os ganhos futuros no mercado dos graneleiros serão parcialmente influenciados por acontecimentos que estão fora do controle dos armadores, refere o jornal.

Por exemplo, os ganhos dos capesize (graneleiros com mais de 150 mil toneladas de porte bruto) em Janeiro foram de uma volatilidade surpreendente, segundo o jornal, devido a uma forte procura de minério de ferro na China. Porém, uma parte significativa dessas importações converteu-se em maiores stocks portuários, que estão 80 milhões de toneladas acima do que estavam em 2016 nesta fase do ano.

De acordo com Will Fray, Analista Sénior da MSI, “Janeiro foi um mês confuso no mercado dos granéis, embora na generalidade as tarifas não tenham sido tão fracas como a MSI antecipou, apesar de uma queda na variação mensal em todos os segmentos menos nos capesize; de facto, este ano, pela primeira vez desde 2009, o mês de Janeiro revelou médias de tarifas em spots mais elevadas do que no mês de Dezembro anterior”.

No entanto, a procura de capesize enfraqueceu em Fevereiro e foi agravada pelo aumento no fornecimento de navios, pois Janeiro revelou um novo pico sazonal na respectiva entrega, com 16 navios entregues, mais do dobro daqueles que foram para desmantelamento.

A MSI espera que o mercado de minério de ferro enfraqueça até Maio, atenuando a pressão nos ganhos, apesar de uma quebra marginal na dimensão da frota, à medida que os desmantelamentos ultrapassem as entregas. A curto prazo, as tarifas dos capesize deverão permanecer abaixo dos 7.500 euros por dia durante o primeiro semestre, prevê a MSI.

As tarifas dos panamax (navios com porte bruto aproximado de 52 mil toneladas) têm estado relativamente fortes, em parte devido a um forte comércio de carvão nos Estados Unidos. A previsão dos ganhos nos panamax a curto prazo feita pela MSI depende da política chinesa relativa à produção e ao desempenho do mercado indiano de carvão. Alguns empresários, no entanto, adiantam que as exportações de carvão dos Estados Unidos continuarão fortes nos próximos três meses, pelo menos, e a MSI encara com optimismo o futuro próximo das tarifas nos panamax.

Quanto aos graneleiros, a consultora está menos optimista relativamente aos próximos seis meses, tendo em consideração o excesso de capacidade nas rotas do Atlântico e a procura incerta no Pacífico, em particular de minérios menos nobres, incluindo o níquel. O efeito de uma procura fraca nas tarifas será reforçado por um aumento da capacidade instalada de navios.

A MSI nota que o Governo das Filipinas encerrou metade das minas de níquel do país em Janeiro, o que tendo um impacto reduzido a curto prazo, pode representar um risco num horizonte de seis meses. Simultaneamente, o Governo indonésio fez saber que pode voltar a permitir a exportação de níquel, revertendo uma proibição com três anos, mas tal terá um impacto incerto sobre o comércio e a MSI admite uma queda marginal no comércio anual deste minério.



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