Na Segunda-feira, coincidindo com o regresso do debate parlamentar sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o Governo britânico testou uma solução para evitar graves congestionamentos de tráfego previstos para a alfândega do porto de Dover, por onde circulam diariamente cerca de 10 mil camiões, no caso de um Brexit sem acordo.
O ensaio envolveu 89 camiões que circularam em colunas entre o aeroporto inactivo de Manston, no norte de Kent, e o porto de Dover, num trajecto de 32 quilómetros, em dois momentos, um às 08H00 e outro às 11h00, e terá tido êxito, com o “percurso a ser percorrido em cerca de uma hora”, referiu o jornal PÚBLICO.
O objectivo da simulação era avaliar o fluxo de tráfego congestionado entre o porto, que o maior do país em tráfego de carga rodada (roll-on,roll-off, ou ro-ro) e o aeroporto, que o Governo britânico quer converter num parque de estacionamento para mil camiões. Para o efeito, os camionistas contratados receberam cerca de 612 euros, segundo o The Guardian.
De acordo com camionistas que participaram no ensaio, tratou-se uma perda de tempo e o motivo do alegado sucesso do teste foi o número irrelevante de veículos intervenientes, porque a realidade será diferente no caso de um Btexit sem acordo. Outros falam nos problemas que ocorrerão num aso de acidente ou emergência, com o congestionamento de quilómetros. A Associação de Transporte Rodoviário (Road Haulage Association, ou RHA) considerou o plano de contingência tardio e insuficiente.
“É impossível reproduzir, com 80 camiões, o efeito de ter um número potencial de seis mil camiões dentro e nos arredores de Kent e Manston; este planeamento deveria ter sido feito há meses e, preferencialmente, numa escala maior; duvido que muitos camionistas tenham ficado impressionados com este ensaio”, referiu Rod McKenzie, director-geral da RHA, citado pelo PÚBLICO.
Quem também criticou a iniciativa foi Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, na oposição, que classificou o ensaio de encenação do Governo para pressionar os deputados a escolher entre o acordo desejado por Theresa May ou uma saída sem acordo, no âmbito do que considerou o “Projecto do medo”, nota também o PÚBLICO.
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