Pela primeira vez em Portugal e numa ilha atlântica, procede-se ao abastecimento em porto de um navio com GNL. O navio foi o AIDAprima, da operadora de cruzeiros Carnival, e os fornecedores foram a Galp e o Grupo Sousa, com a cooperação institucional de diversas entidades regionais, que contribuíram para o êxito da operação
Galp

Na última semana, a Galp, em parceria com o Grupo Sousa, assegurou o primeiro abastecimento de gás natural liquefeito (GNL) a um navio num porto nacional e o primeiro numa ilha atlântica, no porto do Funchal, referiu a empresa em comunicado. O navio foi o AIDAprima, considerado um símbolo da AIDA, uma das 10 marcas de cruzeiros da Carnival Corp. Plc, “a maior empresa de turismo marítimo do mundo”, referiu a Galp.

A operação consistiu num abastecimento equivalente ao consumo energético diário de 42 mil famílias portuguesas, refere a Galp. E segundo apurámos, não constituiu uma operação de bunkering, mas de fuelling, de acordo com as orientações que a Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA, na sigla inglesa) se prepara para publicar em breve relativamente a este tipo de operações.

A diferença está no facto de uma operação de bunkering implicar o armazenamento do combustível a bordo do navio, para posterior consumo, enquanto o fuelling consiste num abastecimento para o consumo directo, que foi o que ocorreu neste caso. Segundo apurámos, trata-se de uma operação concebida para ser realizada em 14 horas.

Segundo a Galp, o GNL utilizado na operação foi transportado “através de contentores-cisterna criogénicos que mantêm o gás em estado líquido a baixíssimas temperaturas (cerca de -160ºC), permitindo a sua deslocação em segurança”, acrescentando que “a logística de transporte e abastecimento desde o terminal de Sines até às operações de abastecimento ao navio no porto do Funchal”, replicando um gasoduto virtual, foi “assegurada pela Gaslink, do Grupo Sousa”.

Segundo apurámos, além da questão logística, o Grupo Sousa também esteve envolvido nos contactos com a Carnival Corp .Plc. E para a concretização da operação, além da Galp e do Grupo Sousa, foi importante a cooperação institucional de várias entidades, designadamente da APRAM (Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira), da Capitania do porto do Funchal, da Direcção Regional de Economia e Transportes da Madeira, da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais da Madeira e do Serviço Regional de Protecção Civil da Madeira.

Uma cooperação induzida por um objectivo considerado estratégico, que era a concretização da operação em Portugal, e particularmente no Funchal, dado que no horizonte estava a alternativa da sua realização nas Ilhas Canárias. No entanto, a existência de uma Unidade Autónoma de Gás, do Grupo Sousa, no Funchal, com capacidade de armazenagem para 600m³ para o armazenamento e regaseificação do GNL, acabou por também ser determinante.

Segundo apurámos, o acordo com a Carnival Corp. Plc. demorou três meses a concretizar e implica o abastecimento de GNL no porto do Funchal até Abril de 2018, com uma frequência semanal, correspondente à escala semanal do AIDAprima (o primeiro navio de cruzeiros do mundo a adoptar o GNL como combustível, segundo a Galp) naquele porto.

De acordo com a Galp, esta operação torna a empresa um “fornecedor de vanguarda de combustíveis de baixas emissões para o tráfego marítimo do Atlântico” e confirma a sua capacidade “para proceder ao abastecimento de GNL a navios em qualquer porto do continente e ilhas”. A empresa admite ainda que em breve estará “em condições de fazer abastecimentos através de navio (ship-to-ship), com capacidade e flexibilidade acrescidas”.



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