O Reino Unido está preocupado com o direito de liberdade de navegação nas águas da região e enviou a fragata HMS Sutherland para o local com o objectivo de marcar uma posição, embora sem o assumir directamente

Na sequência da reivindicação da China de grandes áreas do Mar do Sul da China, desenvolvendo as suas capacidades militares, incluindo a recuperação de terras em recifes e atóis para construir bases aéreas, a Marinha britânica, numa tentativa de afirmar os direitos de liberdade de navegação, pretende enviar a fragata HMS Sutherland para a região.

“É muito importante que demonstremos que estes são mares que qualquer um pode cruzar e nós vamos certificar-nos que a Marinha Britânica vai proteger esses direitos para o transporte marítimo internacional”, referiu o Secretário de Defesa britânico, Gavin Williamson, durante uma visita à Austrália.

“A Austrália e o Reino Unidos vêem a China como um país de grandes oportunidades, mas não devemos ser cegos à ambição que a China tem e temos de defender os interesses da nossa segurança internacional. Temos de garantir que qualquer forma de intenção maligna é contrariada”, acrescentou o Secretário de Defesa.

Em resposta às observações de Williamson, o porta-voz do Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Geng Shuang, disse à comunicação social que “graças aos esforços concertados da China e dos países litorais do Mar do Sul da China não há qualquer problema com a liberdade de navegação e com o direito de sobrevoo no Mar do Sul da China”.

Segundo notícias vindas a público, o destino da fragata não terá sido especificado, mas a Marinha britânica revelou que está a caminho da Austrália para uma demonstração da tecnologia do Reino Unido, no âmbito de uma tentativa de convencer o Governo australiano a comprar produtos ingleses e da assinatura de um contrato para uma nova geração de fragatas. Depois de deixar a Austrália, a HMS Sutherland deverá juntar-se a navios aliados numa operação de apoio ao esforço de pressão sobre a Coreia do Norte para que esta abandone o seu programa nuclear.

Todavia, se a fragata britânica navegar fora das rotas marítimas comerciais do Mar do Sul da China, pelas quais passa um terço do comércio marítimo internacional, e entrar em águas objecto de um contencioso entre vários países, próximo das quais a China ocupa ilhas reclamadas por outros Estados da região, a viagem poderá ser algo mais do que uma simples rotina.

Se esse tipo de exercício for avante, será a primeira vez que uma nação aliada realiza operações de liberdade de navegação na contestada cadeia de ilhas Paracel e Spratly, à semelhança do que fazem os Estados Unidos da América (EUA). Nesse sentido, Williamson explicou que apoia o programa FONOPS (Freedom of Navigation Operation) da Marinha dos EUA, acrescentando que “os EUA estão a procurar que outros países façam mais”.



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