No âmbito da investigação dos bio-recursos marinhos realizada em Portugal, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera desempenha um papel importante, na medida em que, além de meios operacionais que lhe permitem agir no terreno (onde outros agentes científicos e indústrias não conseguem), dispõe de experiência e conhecimentos “na condução de estudos de bio-prospecção, visando a identificação, detecção, elucidação estrutural e quantificação de compostos bio-activos”, conforme nos referia numa nota a instituição, em especial, através da sua Divisão de Aquacultura e Valorização (DivAV).

O IPMA tem anda experiência no “cultivo e modulação do crescimento e metabolismo de micro-organismos (nomeadamente, micro-algas heterotróficas), o que é de importância crítica para a bio-prospecção, dado que sob condições específicas, o mesmo micro-organismo pode sintetizar metabolitos secundários diferentes e em quantidades variáveis”, sendo que estes metabolitos têm elevado potencial bio-activo.

De acordo com a mesma nota, a acção da DivAV incide prioritariamente sobre recursos marinhos, incluindo organismos que vivem em condições extremas (de profundidade ou ambientais), com especial interesse na bio-prospecção de compostos lipídicos, compostos anti-oxidantes e compostos da classe dos polissacáridos e oligossacáridos bio-activos.

Na sua acção de bio-prospecção,a DivAV procura identificar aplicações “farmacêuticas, cosméticas, nutracêuticas” ou outras, na área da saúde e do bem-estar animal, designadamente, para aquacultura e pecuária. Nesse sentido, a colaboração que desenvolve com investigadores e empresas (por exemplo, na produção de esqualeno e produtos para a cosmética), visa “transpor as soluções com sucesso à escala industrial”.

A nota esclarece ainda que a DivAV possui também um conhecimento em lípidos, polifenóis e hidratos de carbono que é transponível para “outros recursos biológicos não-marinhos”, embora susceptíveis de investigação em áreas próximas do universo marinho.



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