O potencial desequilíbrio do mercado de transporte marítimo de carga provocado pela introdução de novos e maiores navios na rota entre a Ásia e a Europa leva analistas a proporem o encerramento de serviços por parte das grandes alianças internacionais.
SeaIntel Maritime Analysis

Cada uma das grandes alianças de transporte marítimo internacional deveria encerrar um serviço na rota Ásia/Europa para enfrentar adequadamente a esperada entrada ao serviço de novos grandes navios, considera a prestadora de informação em serviços marítimos SeaIntel Maritime Analysis, citada pelo World Maritime News.

Face a um cenário, que considera realista, de crescimento da procura de serviços de transporte marítimo na ordem dos 5%, “consideramos altamente improvável que a rota Ásia/Europa consiga absorver a oferta adicional de capacidade sem necessidade de reduzir o número de serviços semanais”, refere a SeaIntel Maritime Analysis.

Segundo o jornal, apoiado em dados da indústria, entre o segundo semestre deste ano e o segundo semestre de 2018, a capacidade de transporte marítimo aumentará 11,5%. Entre o segundo semestre de 2017 e o segundo semestre de 2019, a capacidade instalada da aliança 2M, que reúne a Maersk Line e a MSC, aumentará 3,2%.

No mesmo período, porém, segundo o jornal, com base em dados da SeaIntel Maritime Analysis, a THE Alliance, que junta a Hapag-Lloyd, a Yang Ming, a Mitsui O.S.K. Lines (MOL), a Nippon Yusen Kaisha (NYK Line) e a K Line, aumentará a sua capacidade instalada em 11,9% e a Ocean Alliance, que congrega a CMA CGM, a COSCO, a Evergreen e a Orient Overseas Container Line (OOCL), aumentará a sua capacidade em 24,6%.

No segundo semestre de 2018, pode mesmo ser necessário encerrar um serviço semanal por parte das três grandes alianças para manter o equilíbrio do mercado, com a opção de reabrir um único novo serviço em 2019, à medida que se for completando a entrega de novos navios (o que poderá não acontecer, sobretudo depois do anúncio da confirmação das encomendas de novos navios com capacidade para 22 mil TEU da CMA CGM).

Citando a SeaIntel Maritime Analysis, o jornal refere que uma forma de resolver o problema sem encerrar serviços na rota Ásia/Europa é o aproveitamento de navios deslocados para outras rotas, recordando que o encerramento de três serviços semanais entre a Ásia e a Europa geraria uma necessidade de cerca de 30 grandes navios noutras rotas.

Todavia, a concretização dessa medida por parte dos operadores poderia conduzir a uma necessidade ainda maior de encerramento de serviços nessas outras rotas, por estarem em causa serviços menores e rotas mais pequenas do que as da Ásia/Europa.



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