Duas Universidades concluíram que os dados globais da FAO sobre a tendência para o aumento das capturas de pescado estão incorrectos por se basearem em dados dos Estados obtidos com sistemas estatísticos deficientes
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Um estudo recente da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e da Universidade da Austrália Ocidental (Austrália) revela que as capturas de pescado à escala global estão a diminuir, contrariando a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla inglesa), segundo a qual essas capturas estão relativamente estáveis desde os anos 90 do século passado.

Os dados do estudo resultam de informação do projecto Sea Around Us, uma iniciativa científica de ambas as Universidades. Em comunicado, o Sea Around Us refere que a contradição está relacionada com o facto de os Estados inflaccionarem as suas estatísticas de pesca, “contribuindo para a falsa impressão de que a humanidade está a capturar cada vez mais peixe do oceano, quando na verdade as capturas globais de pescado estão em declínio, em média, à razão de 1,2 milhões de toneladas por ano desde 1996“.

Segundo o autores do estudo, o problema resulta de um efeito colateral das tentativas bem intencionadas dos Estados para melhorarem os seus sistemas de monitorização e informação de dados. Ao incluírem nova informação de pescarias, frotas ou zonas ainda não monitorizadas ou fracamente monitorizadas, por exemplo, os Estados juntam tais dados aos das capturas anteriores, muitas vezes já monitorizados, criando a impressão de uma tendência crescente, que não é real em muitos países porque os seus sistemas estatísticos não corrigem os valores retroactivamente. Como esses dados nacionais são enviados para a FAO e esta usa-os nas suas análises, estas ficam igualmente adulteradas e contribuem para uma imagem global da pesca distinta da realidade.



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