Construção naval na China, Japão e Coreia do Sul com fortes quedas. Europa registou melhorias.
Estaleiros

Os estaleiros poderão ser a próxima vítima da deterioração dos mercados de graneleiros de sólidos, contentores e actividades offshore, num ano como o de 2016, em que poderá atingir-se o mais baixo valor de novos contratos para navios em mais de 20 anos, refere a BIMCO, uma das maiores prestadoras de serviços marítimos, citada pelo World Maritime News.

Depois de um declínio entre 2010 e 2012, a construção naval teve uma recuperação e pensou-se que estabilizasse nos anos seguintes, porém, a realidade foi a de novo declínio em 2014 e 2015, embora com contratos elevados sob a perspectiva da tonelagem bruta compensada (compensated gross tonnage, ou CGT), um indicador do volume de trabalho e materiais necessários para construir um navio e que se calcula pela multiplicação da tonelagem de um navio por um coeficiente determinado pelo tipo e dimensão da embarcação em causa.

Desde 2013, registou-se uma tendência para o declínio, acentuada em 2016. No primeiro trimestre deste ano, segundo a BIMCO, a contratação de novos navios, de acordo com uma avaliação pelo CGT, registou o segundo nível mais baixo dos últimos 20 anos. No entanto, na opinião de Peter Sand, analista da BIMCO, citado pelo jornal, “um nível baixo de contratação é exactamente aquilo de que o transporte marítimo precisa para, eventualmente, repor o equilíbrio fundamental entre oferta e procura”.

A queda nos contratos e o excesso de capacidade dos estaleiros criou uma pressão sobre a cobertura de encomendas (o número de anos necessários para entregar uma encomenda, baseado na capacidade dos estaleiros). Do que se concluiu que um baixo volume de entregas pode resultar, quer de poucas encomendas, quer de uma capacidade excessiva entre os estaleiros.

Com base no indicador CGT, a BIMCO refere que os estaleiros na Europa foram os únicos a registar um aumento de contratação nos primeiros oito meses de 2016, face ao período homólogo de 2015 (+ 45,3%). No mesmo período, o Japão e a Coreia do Sul, com quedas de 86,7% e 86,5%, respectivamente, registaram a maior queda na contratação para construção de novos navios, e a China teve uma queda de 49%. Peter Sand referiu, a este propósito, que “existe uma tendência para a queda no Japão, China e Coreia do Sul, cujos níveis tão baixos de encomendas para construção de novos navios deixam antever um ano de 2017 ainda mais severo”.

“Globalmente, os navios tanque e os contentores são as principais razões para a diminuição de encomendas, quer por percentagem, quer pelo CGT, em 2016. Juntos, estes segmentos foram responsáveis por 67,7% do total de CGT contratada nos primeiros oito meses de 2015. Este ano, os contratos de navios tanque caíram 80,1% e os de contentores 84,1%, comparados com os mesmos oito meses do último ano”, refere a BIMCO.



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill