Depois de dois anos de trabalho, terminou em Março o projecto ENTROPI – Enabling Technologies and Roadmaps for Offshore Platform Innovation, co-financiado pelo Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP) e em que a Fórum Oceano participou, juntamente com quatro parceiros (clusters e centros de investigação) da Irlanda, do Reino Unido, de França e Espanha.
Tomando como base a Bacia do Atlântco, onde existe muita capacidade instalada, o projecto analisou as iniciaitivas tecnológicas conceptuais e já existentes de plataformas offshore multi-usos (conhecidas por Multi-Use Platforms at Sea, ou MUPS) e as oportunidades de negócio das respectivas cadeias de valor. No final, identificou áreas de inovação que poderão representar reduções significativas de custos, tornando as MUPS atractivas para investidores.
Com o previsto desenvolvimento massivo de infra-estruturas marítimas offshore, como parques eólicos, quintas de aquacultura e tecnologias para aproveitamento da energia das ondas, crescem as preocupações resultantes das mais que prováveis pressões inerentes à exploração humana dos oceanos e a correspondente necessidade de tornar essa exploração sustentável para evitar ou minimizar impactos negativos nos ecossistemas.
Nesse sentido, têm sido desenvolvidos projectos de plataformas offshore susceptíveis de múltiplos usos – as MUPS – e que poderão servir para diversas destas actividades. Com menos infra-estruturas instaladas, cada uma delas servindo várias actividades, mitiga-se o impacto ambiental e partilha-se o custo económico de cada unidade, que pode servir vários projectos diferentes em simultâneo.
Durante dois anos, esclarece a Fórum Oceano, os parceiros do ENTROPI identificaram “três áreas de inovação que podem contribuir para a optimização dos custos de desenvolvimento de plataformas multi-usos offshore”: soluções de ancoragem e amarração; aplicações de segurança e monitorização; e um conceito de uma plataforma multi-usos offshore que conjuga produção de energia eólica e aquacultura.
Para cada uma destas áreas, os parceiros investigaram as questões de engenharia, tecnológicas, de construção e operacionais, com o objectivo de produzir roteiros que investidores, utilizadores e outros interessados possam compreender e implementar rapidamente, em função de cada cenário de inovação.
O cluster britânico Marine South East chefiou o trabalho sobre ancoragem e amarração, concluindo que o uso de fundações helicoidais submarinas fixas ao solo marinho pode reduzir em muito os custos e o tempo de instalação, comparativamente às abordagens tradicionais.
Já o cluster francês Pole Mer Bretagne Atlantique investigou, avaliou e identificou novas capacidades de segurança e vigilância remotas, susceptíveis de fornecer protecção eficiente e de baixo risco a grande variedade de MUPS. E propôs equipar essas plataformas com instalações estratégicas aéreas e submarinas para ampliar a cobertura geográfica offshore.
A Plataforma Oceânica das Ilhas Canárias PLOCAN), uma infra-estrutura científica e tecnológica, avaliou a viabilidade e o potencial financeiro das MUPS, tendo concluído que uma plataforma capaz de suportar dispositivos de energias renováveis e instalações de aquacultura tem mais potencial de desenvolvimento imediato. Segundo concluiu, o mais provável mix para um investimento nesta área será uma combinação de capital de risco, financiamento privado, garantias estatais e participação de Bancos comerciais.
Os parceiros também identificaram um consórcio internacional de empresas e peritos com competências para desenvolver as três áreas, incluindo empesas âncora e pequenas empresas inovadoras, com experiência comprovada. E criaram um «Grupo de Interesse» online para manter todos os interessados informados das novidades, actividades, projectos e oportunidades relacionados com MUPS.
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