Com o apoio do Governo, o projecto pretende ir ao encontro das metas da União Europeia de energia renovável.
Pedro Santana Lopes

A Comissão Europeia (CE) aprovou recentemente um projecto de França – a central Normandie Hydro – cujo objectivo é promover a geração de electricidade a partir da energia das marés. Trata-se de um projecto que vai ao encontro da política de energia da União Europeia e dos climate goals ambicionados pelos Estados-membros sem distorcer a concorrência do mercado.

 

O projecto, que ficará no Raz Blanchard, a oeste da península Cotentin, no Canal da Mancha, será desenvolvido pela OpenHydro e operado pela EDF EM. Terá o apoio do Governo francês e servirá de experiência para verificar a potência, antes de partir para um projecto de larga escala. Uma parte do auxílio do investimento será pago sob a forma de «adiantamentos reembolsáveis», que serão devolvidos se o projecto for bem-sucedido.

 

Em concreto, até 2020, o objectivo é ter sete turbinas que gerem 14 megawatts de capacidade. Note-se que todos os países têm uma meta de energia reciclável que têm de produzir até 2020, segundo a Directiva das Energias Renováveis, e França não é excepção – tem de produzir 23% da energia doméstica através de fontes renováveis.

 



2 comentários em “Energia das marés irá ser experimentada em França”

  1. Manuel Ferreira Fernandes diz:

    Muito positiva esta iniciativa de França de produzir energias renováveis a partir da Energia das Marés.
    Depois da exploração “onshore” da energia eólica e solar, esta deveria ser a primeira alternativa a explorar já que a produção “offshore” implica custos de investimento e operacionais muito mais elevados para além dos riscos que acarreta para navegação marítima.
    Poderia ainda fornecer um contributo importante para a recuperação e aproveitamento de inúmeros Moinhos de Maré nos estuários de alguns rios portugueses, nomeadamente no do Tejo, verdadeiro Património Histórico , permitindo recuperar traços marcantes da nossa Identidade Cultural.
    Aproveitando o fluxo e refluxo das marés, poderiam produzir, ciclicamente, durante mais de doze horas nas duas marés diárias.
    Adicionalmente, poderia ainda aproveitar muitos moinhos de água, tristemente abandonados à erosão dos tempos.
    Pois, já em 1896 escrevia Sousa Viterbo, Archeologia Industrial Portuguesa – Os moinhos in «o Archeologo português» vol, II, nº 8 e 9, 1896, p.193:
    “É com profunda saudade que vejo desapparecer pouco a pouco os vestígios da nossa indústria caseira. A machina vae triturando tudo no seu movimento vertiginoso, sem que mão piedosa se lembre de apanhar esses restos, humildes mas gloriosos, depositando-os depois em sítio, onde possam ser cuidadosamente estudados e onde a curiosidade lhes preste o merecido culto. Existe a archeologia da arte, porque não há de existir a archeologia da indústria?”

  2. Pedro Valle Teixeira diz:

    Em primeiro lugar, a Energia das Marés não é novidade nenhuma em França! A central de La Rance foi inclusivamente a primeira do mundo em 1966!
    Há dias uma das maiores empresas de energia Francesa, a Naval Energies, dizia a propósito da Energia das Marés:
    “It is with regret, but also responsibility, that we are taking the decision to stop developing tidal-turbine energy. The deterioration of the market, in France and around the world throughout the recent months, has been reflected in a lack of commercial prospects over the long term. This evolution means that we alone can no longer finance the development of the tidal-turbine activity,”
    Em que ficamos???!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill