O elevado número de encomendas de novos VLCC pode inflaccionar o mercado deste tipo de navios, sobretudo depois de se esgotar o ciclo de desmantelamento em curso
GNL

Este ano já foram encomendados 24 very large crude carriers (VLCC, navios tanque com um porte bruto entre 180 mil e 320 mil dwt) e estão previstas novas encomendas, refere o World Maritime News com base em dados da empresa Gibson Shipbrokers. Este volume de encomendas é considerado preocupante, dado que os VLCC chefiam o número de pedidos (16%) no segmento dos navios tanque.

Segundo o jornal, com base na mesma fonte, em 2018, deverão juntar-se à frota global 40 navios tanque e em 2019 esse número deverá crescer para 57. Mesmo com uma derrapagem nos prazos de entrega, o próximo ano será o quarto consecutivo com um elevado volume de novos navios tanque a chegarem ao mercado.

De acordo com a empresa, se o elevado ritmo de desmantelamento destes navios (ao qual já fizemos referência neste jornal) se mantiver, o ritmo de crescimento deste segmento vai abrandar a curto prazo. No entanto, depois de os principais candidatos ao desmantelamento estarem fora do mercado, a reciclagem vai abrandar novamente, o que aumenta a pressão sobre este mercado e as suas possibilidades de recuperação.

Dos 21 VLCC desmantelados este ano, poucos eram candidatos a esse fim no curto prazo, dado que estavam ausentes do mercado, ou por reduzida actividade ou por estarem a funcionar como reservatórios de combustível, refere a Gibson Shipbrokers.

A empresa considera que os baixos preços para novos navios e as poupanças estimadas para os novos navios equipados com os depuradores (scrubbers) deverão contribuir para a manutenção da especulação nas encomendas, especialmente com origem em investidores pouco expostos à indústria do transporte marítimo.

Um fenómeno que pode replicar o que sucedeu entre 2013 e 2015, quando uma vaga de encomendas de navios tanque, em grande parte proveniente de hedge funds (fundos de alto risco) e outros investidores, privados e institucionais, gerou um excesso de oferta destes navios no mercado, recorda a Gibson Shipbrokers.



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