No ano passado o Porto de Lisboa recebeu mais passageiros, mas menos escalas
Lisboa

2015 foi o terceiro melhor ano de sempre do Porto de Lisboa. Pelo menos em termos de passageiros e segundo informações disponibilizadas pela entidade. Feita as contas o Porto de Lisboa recebeu 512.128 passageiros, o que representa um aumento de 2% face aos valores de 2014. Já em relação ao nível das escalas houve um decréscimo de 4%, dado que em 2014 foram feitas 319.

Mas a grande novidade prende-se com o início de escalas de navios com capacidade para mais de 4 mil passageiros, nomeadamente os Anthem of the Seas e Norwegian Epic. Como explica Mariana Teixeira, da Divisão de Prospetiva e Controlo de Gestão Desenvolvimento e Relações Institucionais do Porto de Lisboa, “na realidade, o crescimento do número de passageiros face a 2004 explica-se pelo aumento da capacidade dos navios de cruzeiro que realizaram escalas em Lisboa durante o ano de 2015”.

As condicionantes de mercado levaram à redução das operações realizadas por diversos operadores. No caso da MSC Cruises, por exemplo, refere Mariana Teixeira, “explica-se pela remodelação de três navios com a consequente retirada temporária do mercado. Já a Thomson Cruises afretou dois navios, a Royal Caribbean Internacional reposicionou alguns dos seus navios em novos destinos de forma a diversificar os itinerários que oferece aos seus clientes, e a Portuscale Cruises saiu do mercado”. Condicionantes que explicam a diminuição do número de escalas no Porto de Lisboa.

Feitas as contas, no ano passado Lisboa recebeu 12 navios de primeira escala. Mas mais importante é o facto de dois deles terem escalado na capital portuguesa aquando da sua viagem inaugural. Algo que, para a representante do Porto de Lisboa, reforça “a importância crescente que o porto tem vindo a assumir na inclusão dos itinerários da nova frota dos diferentes operadores”. E a prova está, segundo Mariana Teixeira, no facto de o Porto de Lisboa, no ano passado, ter sido nomeado, pela quarta vez consecutiva, para os World Travel Awards a nível mundial e da Europa, nas categorias de Leading Cruise Destination (Melhor Destino de Cruzeiros), e de Leading Cruise Port (Melhor Porto de Cruzeiros).

Ainda na vertente de marcos importantes convém referir que 2015 marca o início da construção do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa.

Cruzeiros trazem 66,7 milhões de euros para Lisboa

Tão importante como analisar a evolução do número de passageiros e escalas de navios é perceber o impacto que o negócio dos cruzeiros tem na economia local e nacional. As contas, em Lisboa, indicam que, em média, cada cruzeirista gastou cerca de 130 euros por dia. Os dados foram retirados do estudo realizado pelo Observatório do Turismo de Lisboa em conjunto com a APL indicam que, e considerando que o Porto de Lisboa recebeu 512.128 passageiros, o impacto económico directo gerado rondou os 66,7 milhões de euros. Mas atenção. Importa referir, alerta Mariana Teixeira, que estes números não contabilizam o emprego directo e indirecto gerado, nem as prestações de serviço associadas ao negócio, como sejam os gastos dos passageiros em excursões, hotel pré e pós cruzeiro e passagem aérea no caso dos passageiros embarcados/ desembarcados.

Outra conta interessante é perceber que, em “termos de receitas para a APL, S.A., e atendendo a que as contas do ano de 2015 ainda não se encontram encerradas prevê-se que a área de negócio cruzeiros represente cerca de 7% do total”.

2016: mais navios e mais passageiros

Para o corrente ano a previsão é de “uma variação positiva face a 2015”. Isto porque prevê-se o registo de 318 escalas e mais de 530 mil passageiros. De referir a presença de 13 navios em primeira escala, dos quais “5 são estreias”.

Mas mais importantes. O novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa deverá estar concluído ainda este ano. E a nova infra-estrutura deverá impulsionar o negócio dos cruzeiros. Não só pelas condições oferecidas, mas também porque, relembra Mariana Teixeira, Lisboa apresenta um elevado potencial no segmento do turnaround – total ou parcial – “em especial se tivermos em consideração a sua localização, no cruzamento das principais rotas – mediterrâneo, báltico, transatlântico, Atlântico, conferindo-lhe vantagens acrescidas relativamente a outros portos no que respeita ao início e fim de época e para as viagens de reposicionamento. De salientar, a este propósito as boas ligações aéreas existentes de e para Lisboa que constituem uma exigência crucial para um porto que pretende desenvolver o segmento de turnaround”.

As previsões apontam para que, no espaço de 10 anos e com o novo Terminal a trabalhar em pleno, “o actual tráfego de 550 mil passageiros suba cerca de 36% para mais de 750 mil passageiros (mais do que a população de Lisboa) e atinja até ao final da concessão mais de 1,5 milhões”.

A importância dos serviços

O Terminal e os serviços disponibilizados no mesmo são o primeiro contacto dos cruzeiristas com o destino. E muitas vezes determinam a percepção que o turista tem da cidade em causa. No caso da capital portuguesa a localização do Terminal, no centro da cidade, é uma vantagem positiva. A isso acresce os serviços disponibilizados pelo Porto de Lisboa, nomeadamente “lojas de artesanato, souvenires e snacks, casas de banho públicas, telefones públicos, multibanco, serviços alfandegários, serviços de câmbio, salas de espera, serviços de aluguer de viaturas e Wi-Fi gratuito”.

Cá fora, e a pensar nos operadores turísticos (e não só) “existe uma área de estacionamento de autocarros de passageiros, de shuttles para o centro da cidade (com marcação prévia), de táxis  e de autocarros panorâmicos que realizam circuitos turísticos pela cidade de Lisboa, bem como uma estação de metro”.



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