Responsáveis pelo projecto do futuro porto de Tibar, em Timor-Leste, estiveram em Lisboa, por ocasião do X Congresso da APLOP, onde apresentaram publicamente dados sobre a nova infra-estrutura, que constitui objecto da primeira parceria público-privada daquele país
Porto de Tibar

Em Dezembro deste ano deverá arrancar a construção do futuro porto de Tibar, para o qual será transferido o movimento de carga do actual porto de Dili, em Timor-Leste, cuja capacidade atingirá o seu limite de capacidade em 2020, anunciou Rui Soares, Director da Unidade de Gestão de Projecto do Porto da Baía de Tibar, durante o X Congresso da Associação de Portos de Língua Portuguesa (APLOP), que se realizou em Lisboa, nos dias 11 e 12 de Setembro.

Localizado a 10 quilómetros do porto de Dili, que é o único porto marítimo do país e não tem margem física de expansão, o porto de Tibar está concebido para responder ao aumento previsto do tráfego de mercadorias (o volume de carga contentorizada deverá atingir quase 900 mil TEU em 2045 em Timor-Leste) e, na sua última fase, terá capacidade para um milhão de TEU.

De acordo com Rui Soares, o novo porto terá dois cais, um com 325 metros de comprimento e 13 hectares de instalações e outro com 305 metros e seis hectares de instalações. O primeiro deverá estar concluído em 2019 e corresponde à primeira parte da 1ª fase. O segundo, deve ser concluído até 2020 e corresponde à segunda parte da 1ª fase. A 2ª fase corresponde a um desenvolvimento progressivo da área restante do projecto, conforme a evolução do tráfego.

O terminal de contentores terá uma área total de 27 hectares, com edifícios e outras funcionalidades e terão lugar trabalhos de dragagem para concretização dos cais, pensados para receber, cada um, navios com capacidade até 7 mil TEU, naquele que será o único porto de águas profundas do país e com um parque industrial envolvente, segundo a apresentação feita por Rui Soares.

Neste momento não existem navios com capacidade superior a 500 TEU servidos pelo porto de Díli. A expectativa é de que a maioria dos navios que venham a utilizar o porto de Tibar tenham capacidade para cerca de 3 mil a 3.500 TEU, pelo que a infra-estrutura já foi pensada para navios de 7 mil TEU em cada cais, na expectativa de evolução do tráfego de mercadorias naquele local. O que não invalida que um navio de maiores dimensões aproveite área dos dois cais.

O projecto obedece a um modelo de concessão DBFOT (Design, Build, Finance, Operate & Transfer) por um período de 30 anos e constitui o primeiro caso de parceria público-privada em Timor-Leste. O concessionário é a Timor Port S.A., empresa integralmente privada, do Grupo Bolloré, que venceu o concurso para a concessão, no qual também participou a Mota-Engil.

Na 1ª fase, o investimento será de 234,3 milhões de euros, dos quais 108,8 milhões de origem pública (um designado viability gap funding) e 125,5 milhões de fonte privada. A partir da 2ª fase, inclusive, todo o investimento será privado. Segundo Rui Soares, ao longo dos 30 anos da concessão, está previsto um investimento directo estrangeiro de 300 milhões de euros no novo porto. No final deste período, o porto será entregue, sem encargos, ao Estado de Timor-Leste.

Face a este projecto, que envolve a transferência de todo o movimento de mercadorias para o novo porto de Tibar, o porto de Díli permanecerá parcialmente dedicado a viagens de passageiros e turismo de cruzeiros. Parte dos terrenos do velho porto, porém, serão destinados à expansão da própria cidade de Díli, segundo nos esclareceu fonte próxima do projecto.



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill