Transporte marítimo

A consolidação no transporte marítimo vai continuar em 2017, como efeito da forte pressão sobre esta actividade, defende a Clarksons Research, prestadora de serviços integrados de apoio ao sector (financeiros, agenciamento, análise, pesquisa, entre outros) citada pelo World Maritime News. Uma realidade a que não será alheia a difícil exequibilidade deste negócio num contexto de fragmentação como o que ainda existe actualmente.

Para sustentar a sua tese, pouco contestada pela generalidade dos observadores, até porque surge na sequência de uma tendência de mercado com longa duração, a empresa recorda que quatro das 20 maiores empresas de transporte marítimo existentes em 2014 desapareceram. A CSAV foi adquirida pela Hapag-Lloyd, a NOL/APL pela CMA-CGM, e as duas principais companhias chinesas do sector fundiram-se.

Além disso, no segundo semestre de 2016, as três principais empresas japonesas de transporte marítimo manifestaram intenções de fundir as suas operações de porta-contentores ainda este ano, de modo a iniciarem actividade no próximo ano. Também este ano, está prevista a concretização da fusão da Hapag-Lloyd com a USAC bem como a finalização da aquisição da Hamburg-Sud pela Maersk.

Todo este cenário, que teve pelo meio o revés da falência da Hanjing Shipping em 2016, permite antecipar uma detenção de 79% de quota de mercado pelas 10 principais empresas do sector, o dobro do que existia há duas décadas.

A Clarksons Research, segundo o jornal, aponta que no início deste ano o transporte marítimo contava com 88.892 navios, detidos por 24.267 proprietários, o que significava 4 navios por dono. E desses mais de 20 mil donos, 145 tinham mais de 50 navios cada, totalizando entre si aproximadamente 12 mil navios.

A empresa refere também que no princípio do ano, 662 grupos detinham 5.154 porta-contentores, ou seja, 8 navios por dono, ainda que operados por 326 empresas de transporte marítimo (16 por operador, mas sendo que os 8 principais operavam mais de 100 navios entre si).

Segundo a Clarksons Research, 2017 arrancou com a Maersk no topo dos maiores operadores, com 647 porta-contentores ao serviço, seguida pela CMA-CGM, com 454, e pela MSC, com 453. Dados de ontem da consultora Alphaliner, indicavam que no segmento dos porta-contentores, a Maersk ocupava o primeiro posto em TEU (twenty-foot equivalent unit), com 3.215.688 TEU (15,6% de quota de mercado), seguida da MSC (2.872.067 TEU, 13,9% de quota) e pela CMA-CGM (2.152.146 TEU,10,4% de quota).

Segundo os mesmos dados da Alphaliner, a Maersk operava 615 porta-contentores, dos quais 255 próprios e 360 em chartering, a MSC operava 415, dos quais 191 próprios e 294 em chartering, e a CMA-CGM 450, sendo 109 próprios e 341 em chartering.

Entretanto, a Clarksons Research mencionava que dos 20 principais operadores, os 17 últimos (porque não contando com os referidos três principais – Maersk, MSC e CMA-CGM) estavam todos baseados na Ásia ou Médio-Oriente, com excepção de três.



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