As cianobactérias, também conhecidas por algas azuis, serão o objecto de uma investigação no CIIMAR, a desenvolver por Pedro Leão e a sua equipa, contemplada com uma Bolsa do Conselho Europeu de Investigação
CIIMAR

Pedro Leão foi um dos oito investigadores portugueses ou a trabalhar em Portugal contemplados com uma Bolsa da União Europeia (UE), por via do Conselho Europeu de Investigação (CEI), destinado a investigadores em início de carreira. Na base da Bolsa está o projecto Fatty acid incorporation and modification in cyanobacterial natural products, que o investigador vai desenvolver no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto a partir de 2018.

Segundo a Comissão Europeia (CE), o valor da Bolsa é de 1.462.938 euros e é “atribuído a 100% pela União Europeia”, por via do CEI, “sem qualquer contrapartida nacional ou de outra entidade”, referiu-nos Pedro Leão. O projecto tem a duração de cinco anos, “pelo que deverá estar concluído no final de 2022”, referiu o investigador ao nosso jornal.

Conforme nos explicou Pedro Leão, de forma sucinta, este projecto visa “utilizar uma nova metodologia para descobrir compostos de natureza lipídica produzidos por cianobactérias”, uma sub-classe das bactérias correspondente a micro-organismos unicelulares também conhecidos por algas azuis, que obtêm energia pela fotossíntese e vivem em habitats variados, desde campos gelados até aos desertos mais quentes.

“Muitos destes compostos podem ter propriedades bioactivas”, pelo que o investigador e a sua equipa, que terá mais quatro cientistas ainda a recrutar, vão estudar “também a forma como os lípidos (em particular os ácidos gordos) são modificados pelas cianobactérias”, dado que se prevê que “recorram a enzimas que a Ciência ainda não conhece e que podem ter importantes aplicações biotecnológicas”, referiu-nos Pedro Leão.

Para o cientista, “este projecto é de investigação fundamental e, como tal, não pretende resolver um problema ambiental ou desenvolver um produto”, tratando-se de um projecto de descoberta, e existe uma probabilidade considerável de que um dos novos compostos possa vir a ter uma aplicação farmacológica ou que uma das novas enzimas se possa vir a tornar num bio-catalisador”. Segundo nos explicou, “espera-se ainda que o conhecimento gerado possa vir a melhor a capacidade futura de bio-prospecção, ou seja, de encontrar compostos ou enzimas de interesse em micro-organismos de uma forma mais rápida e eficiente”.

Esclareceu-nos ainda que embora só o CIIMAR seja beneficiado por este financiamento, a instituição vai manter as colaborações que já desenvolve nesta área com o Instituto de Inovação em Saúde (i3S), também da Universidade do Porto, e com a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos.

Segundo informou a CE, “as subvenções do CEI são atribuídas a investigadores de qualquer nacionalidade, estabelecidos ou dispostos a instalar-se na Europa”. “Este ano foram recebidas 3.085 propostas, das quais cerca de 13% foram financiadas”, refere a CE, num total de 406 investigadores, de 48 nacionalidades em 23 países europeus, refere a CE, acrescentando que 45 beneficiários são “cidadãos de países não europeus, baseados em toda a Europa”. No total, foram atribuídas subvenções no valor de 605 milhões de euros.

 



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