Por extraordinária coincidência, no dia seguinte à publicação do anterior Editorial, Chantagem Sindicalista e Condicionamento Mental (I), foram anunciadas tréguas no conflito entre os estivadores e os operadores portuários no Porto de Setúbal.
Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística

Dir-se-á ter prevalecido o bom-senso num conflito que estava já a extravasar muito para além de quanto se afigurava, como então referido, não apenas razoável mas até minimamente ajustado aos superiores interesses da nação, para usar a consagrada expressão para este tipo de situações.

Todavia, algo estranhamente, o acordo firmado entre as partes não foi tornado público pelo que, além de não se saber, por enquanto, se alguma vez o virá a ser, ou quando, torna impossível a formulação de qualquer efectivo juízo sobre os termos em que foi atingido e possíveis consequências para o futuro.

Do que foi anunciado, afigura-se legítimo presumir que, neste momento, temos, na realidade, mais um acordo de princípio do que um verdadeiro acordo, ou seja, há, de facto, apenas tréguas, ficando uma possível efectiva paz subordinada, se assim se pode dizer, a quanto ocorra nas negociações relativas a terceiros portos, como o de Leixões Caniçal e Praia da Victória, o que, a ser exacto é um precedente gravíssimo, não deixando de significar a plena sujeição, no caso, eventualmente, por parte do Governo, aqui representado pelo Ministério do Mar enquanto elemento mediador do conflito, à chantagem sindical, ou, mais especificamente, do SEAL.

Se assim for, como se teme que seja, isso não deixa de significar também não apenas a mais completa sujeição à pura arbitrariedade do SEAL no que respeita às  negociações relativas a Leixões e Caniçal, mas, acima de tudo, conferindo-lhe, à partida, uma vantagem estratégica decisiva que o mesmo SEAL não deixará de saber usar com toda a proficiência que tem caracterizado a sua actuação, como ficou, de resto, bem patente no último acordo assinado relativamente ao Porto de Lisboa, com as consequências que também são bem conhecidas.

Mas não é a acalmia agora alcançada motivo para efectivo regozijo, dadas as mais grave implicações que a situação estava já a atingir?

Dir-se-á que sim, mesmo que à custa de algumas cedências e mesmo que essas cedências possam não deixar de ter igualmente as suas implicações, esperando-se contudo, como sempre se espera, que as mesmas não venham a atingir as mais negras prospectivas passíveis de serem agora já conjecturadas, tal como já sucedeu em 2016, com a greve em Lisboa, não sendo então necessária particular e iluminada presciência para perceber o erro que se estava a cometer, bom como as respectivas consequências, das quais a actual situação de Setúbal é apenas um dos mais eloquentes exemplos.

Haja esperança, evocar-se-á, tanto mais quanto, vivendo o mundo dias de tão rápida mudança, sendo «amanhã sempre longe demais», como diriam os Rádio Macau, mais valerá estarmos postos hoje em sossego, sem pre-ocupações que virão, se tiverem de vir, em seu devido tempo e, neste exacto momento, a situação mais grave se afigure, de facto, ultrapassada, tudo parecendo vogar no mais e calmo e idílico dos céus.

Para quê maçar-nos, entretanto, seja com o que for?

Infelizmente, porém, a realidade não é assim tão idílica nem se comove muito com tanta ingenuidade, pelo que, não se tendo verificado qualquer verdadeira evolução com respeito à efectiva essência do problema, a pertinência da interrogação anteriormente formulada, mantêm-se: como é possível tão largo e vasto silêncio, tao vasta e larga indiferença, tão profunda e marcada apatia perante tão graves e sérios descaminhos para o futuro de Portugal, sobretudo por parte dos nossos políticos e de outras destacadas figuras públicas?

Como é possível?!…

Explicará o condicionamento mental em que vivemos, tudo?

Como em quase em quase todas as situações da vida, não sendo causa única e isolada, de facto, explica muito, quase tudo.

Vivemos tempos acelerados, muito acelerados, excessivamente acelerados até, como todos percebemos, como todos o sofremos.

Em tempos acelerados, tão acelerados como os acelerados tempos em que vivemos, o raciocínio e automática reacção volta, naturalmente, a ser tido como uma vantagem competitiva determinante, como em muitos casos de facto é, tal como nos mais recuados e primordiais dias a mais automática e instintiva reacção, nas mais inóspitas, densas e remotas florestas, assim o fora, marcando então, não raramente, a muito leve e ténue linha de fronteira entre a possibilidade de sobrevivência e a mais inexorável, e eventualmente até, terrível e cruel imediata morte.

A Floresta mudou entretanto, com certeza, mas, em diferente ordem, mantêm-se uma forte similitude de circunstâncias, não deixando os tempos actuais de serem igualmente implacáveis e exigirem, em muitos aspectos, como nos mais recuados dias, tão imediatas quanto, quase se diria mesmo, instintivas respostas, sob pena de tão inevitável quanto inexorável morte, seja apenas em mais metafóricos termos, seja mesmo real que, em mais civilizados dias, assume ou pode corresponder tão só a uma mais simples morte cívica, ou moral, se assim se pode dizer.

Em tal contexto, não por mero acaso, mas até mesmo exactamente por isso, talvez, no que vulgarmente hoje designamos como ciclo de formação, ou Sistema de Ensino, vemos essa preocupação afirmar-se, de alguma forma, com renovado vigor, não deixando de estar, de algum modo, sempre presente, privilegiando-se permanentemente, primordialmente, quanto poderemos hoje designar como «pensar rápido» em detrimento de todo o também designado «pensar devagar».

Pelas razões anteriormente referidas, compreender-se-á que assim seja e dir-se-á até constituir-se, com conta, peso e medida, uma necessária vantagem competitiva que importa adquirir, mas será, em contrapartida, impossível não deixar de atender igualmente o perigo de, em excesso, tal como actualmente tende a suceder, tanto pelos métodos como pelos processos seguidos, poder tornar-se também profundamente pernicioso, nefasto, devastador, não deixando mesmo de poder eventualmente conduzir, no limite, a uma certa, senão mesmo total, incapacidade de  verdadeiramente pensar, uma vez tender a quase tudo reduzir a um muito circunscrito mundo de estímulos e automática ou instintiva imediata reacção.

Um pouco como se o ideal na vida fora termos sempre uma mesma permanente atitude equivalente à da já quase inconsciente e automática condução de um automóvel, mantendo sempre uma mesma e permanente capacidade de reacção, quase por mero instinto, mesmo às mais inesperadas e invulgares situações sempre passíveis de virem a ocorrer ao longo de qualquer percurso, por um apuramento dos sentidos que, estabelecendo uma espécie de quase perfeita unidade com a máquina e o espaço envolvente, permite tornar mínimo o tempo de resposta a qualquer diferente estímulo ou alteração das condições circundantes, mínimas que sejam.

Subjacente a tudo quanto exposto, está, naturalmente, o primado da sensação sobre o pensamento, o que não surpreende muito sabendo-se, como se sabe, como é a emoção quanto move, de facto, primariamente, os homens e o mundo _ e como é patente vivermos, hoje, num mundo hipersensibilizado, crescentemente submergido e subordinado à sensação, à emoção.

Diria o nosso Leonardo, e nunca será demais lembrá-lo, «o homem é livre porque interpõe entre a sensação e a acção, o pensamento».

Ora, em dias tão hiperensibilizados, de tão acelerada competitividade, de exigência de «pensamento rápido» e ainda mais pronta e imediata reacção, entre a sensação, primeiro factor gnósico, e a consequente reacção, não há tempo para muito «pensamento», sempre demorado, sempre maçador, sempre cansativo, muito cansativo e tido quase por inútil.

Não, os tempos actuais não requerem «pensamento», requerem acção, permanente acção, muita acção, um frenesim de acção, tido sempre como útil, muito útil, mesmo que não conduza senão a nenhures.

Mas que importa se a acção é quanto importa, tudo quanto importa?

E que importa o «pensamento»?

E não está já o «pensamento» nos dias actuais, tempos de tão aguda hipersensibilidade vividos, desacreditado, justamente desacreditado?

Cremos na transcendência?

Não, não cremos na transcendência; como, não crendo na transcendência, tampouco se torna possível acreditar na verdade enquanto verdade, logo se compreende como não faz sentido algum falar de «pensamento», de verdadeiro pensamento, uma vez ser todo o pensamento, todo o verdadeiro pensamento da verdade, por maioria de razão se pode dar todo o pensamento, todo o verdadeiro pensamento como ultrapassado, tão ultrapassado como ultrapassada a idade metafísica da qual não será agora senão uma espécie de excrescência vazia.

O que fica então?

Se sem pensamento, sem verdadeiro pensamento, tampouco sentido fará falar de «lógica», o que fica, realmente?

O que fica, realmente?

A retórica, evidentemente.

A retórica que procede, como sabemos desde Aristóteles, por entimemas, não buscando, como tal, da verdade mas, mais modesta e simplesmente, a verosimilhança, firmada no exemplo, na tradição, na autoridade, na associação de imagens e ideias, na emoção, acima de tudo, na emoção, sabendo-sse, como se sabe também, ser exactamente pelo despertar da emoção o modo mais fácil, directo e imediato de conduzir outro à acção, quando a acção, hoje, tudo domina, é tudo quanto mais importa, talvez mesmo tudo quanto importa, sem mais consideração, assume, naturalmente, um inestimável valor.

Sim, se tudo quanto podemos dizer do mundo não passa nunca de mera convicção, simples narrativa, mero jogo de palavras, dirigidas ao afecto e à emoção, então, suprema é a Arte da Retórica.

Todos gostamos de nos imaginar livres, com certeza, mas, descido o pensamento, todo o verdadeiro pensamento, a mera retórica, estando Leonardo certo, ainda nos poderemos considerar livres?

Sim, continuar a imaginarmo-nos livres podemos, tanto quanto podemos ter as convicções que entendermos, assim como podemos elaborar as narrativas que nos determinemos a elaborar e procedermos a todo o tipo de jogos de palavras a que decidirmos proceder mas, em boa verdade, se tudo não passa de mera convicção, mera narrativa, mero jogo de palavras, a verdadeira interrogação é se tal interrogação, ainda faz sentido.

Afinal, o que é isso de ser livre, que dizer da própria liberdade, que sentido, que significado, que importa?

Mera convicção, mera narrativa, mero jogo de palavras…

Ah!, admirável e maravilhoso primeiro passo para o condicionamento mental em que vivemos _ e tão mais admirável ainda quando se compreende o não menos notável passo de concomitante recusa e negação de atribuição de significado às palavras, passíveis de designar mas não de significar.

Freud já, sabiamente, alertava sempre «acabar por ceder nas ideias quem começa por ceder nas palavras».

Cedemos.

Cedemos e sabendo não se pensar por palavras mas não haver pensamento sem palavra, aceitando a destituição do respectiva significado, aceitando que ganhem em emoção exactamente quanto diminuídas em significado, porque as palavras, todas as palavras, nunca deixam de possuir igualmente a sua carga emocional, como, hoje, é cada vez mais evidente, aceitamos a impossibilidade de pensar e, por consequência, presas fáceis de todo o referido condicionamento mental.

Afigura-se exagero?

Muito possivelmente, mas atenda-se então a exemplo simples e tão eloquente, com a adicional vantagem de não deixar de nos fazer sorrir também, como seja o sucedido com a palavra «democracia».

O que significa, na origem, a palavra «democracia»?

O «poder/cracia» do «povo/demos. Tão simples e nem mais nem menos do que isso.

Na modernidade, porém, seguindo uma transfiguração alucinante, ganhando em prestígio emocional quanto perdeu em significado real, a palavra «democracia» assume hoje um carácter quase sagrado, como significando quase a mais suprema virtude de todas as mais supremas virtudes, perfeitamente testemunhado quando ouvimos distinguir alguém com o epíteto de grande «democrata», dever-se logo entender não se estar a distinguir tão só um simples partidário de um determinado regime político, ou de um determinado modo de legitimação de poder, mas alguém dotado, agraciado, ungido mesmo, com a mais excelsa das mais excelsas virtudes.

E muito não será necessário meditar para perceber também como os actuais regimes supostamente «democráticos» nem sequer são rigorosamente «democráticos» no seu mais original e verdadeiro significado mas algo distinto que a Renascença, no seu regresso e exaltação dos Clássicos, foi buscar a Cícero o que Cícero, por sua vez, havia já ido beber a Aristóteles. Mas que importa?

Não, não importa, nada importa além, ou acima, do valor emocional _ e pouco há hoje que mais importe e com maior valor emocional…

Seja.

Mais importante para quanto aqui interessa agora considerar é também que tudo isto não é inocente nem inócuo mas, pelo contrário, se insere todavia num longo, vasto e insidioso processo que, insinuando-se desde há mais de dois séculos já, hoje, como é patente, é dominante, e que teve o seu primeiro momento na instituição de dar como primado e finalidade da política a realização da justiça.

Primado e finalidade difíceis, sobretudo de um ponto de vista, de não aceitar e até exaltar.

A par, porém, três erros trágicos acompanharam a instituição de tal primado e finalidade da política.

O primeiro e talvez mais trágico foi a subversão do princípio cristão de igualdade de todos os homens perante Deus num imanente conceito de igualdade de todos os homens entre si, daí deduzindo como primado e finalidade da política a realização da mesma igualdade, confundida agora com o próprio conceito de justiça.

O segundo erro, não menos trágico, respeitou ao repúdio e negação de toda a individualidade em prol de um conceito abstracto ser genérico, assim justificando tanto o novo conceito de justiça como realização de igualdade de todos os homens entre si, como, prosseguindo a visão misantrópica do mundo de Lutero, Frade Agostinho, por um lado, e de Hobbes, mas não podendo deixar de reconhecer um mínimo individualidade no mundo, atribuindo essas diferenças existentes não a algo de essencial, dado o abstracto conceito de ser genérico mas apenas a diferentes condições materiais de existências, pela realização da mesma justiça, i.e., da perfeita igualdade das mesmas condições de existência a todos, transformar-se-ia o homem num homem novo e o mundo num mundo novo, justo, perfeito, finalmente em paz e para todo o sempre feliz.

O terceiro erro, igualmente trágico, dada negação da individualidade, o conceito de justiça confundido com igualdade, bem como o abstracto conceito de ser genérico, respeito á necessária e consequente negação da liberdade, a liberdade trazida a todos os homens pelo cristianismo, bem como a destruição de todos os modos de existência passíveis de dar consciência de si, como o pensamento, a família e a nação, uma vez que é pela liberdade de pensamento que o homem adquirindo consciência de si forma a sua individualidade, que é no seio da família que o homem adquire a consciência da mesma liberdade e pela luz das primeiras palavras aprendidas no colo materno aprende a pensar a saber pensá-la, bem como, pela nação em que nasce, pela língua em que pensa, compreenda particular e singular missão a realizar no mundo.

Se há uma perfeita igualdade entre todos os homens, se não há individualidade e a liberdade não tem qualquer significado, não só o internacionalismo faz então realmente sentido como a existência de nações não constitui senão mesmo um entrave a ultrapassar na realização do tal homem e mundo novos, plenos de harmonia, paz e sempiterna felicidade.

E o que tem tudo isto a ver com a os estivadores de Setúbal, a respectiva greve e o SEAL?

Tudo, porque, se bem analisarmos quanto vimos ir sucessivamente ocorrendo, percebe-se também com facilidade como tudo mais não foi, é, e continuará a ser, um exacto, perfeito e consequente reflexo, e consciente desenvolvimento, de quanto exposto.

Um estivador é um estivador, um ser genérico, sem qualquer individualidade para além da colectiva individualidade que as condições de existência lhe conferem, no presente momento histórico, enquanto estivador e que se impõe que tenha plena consciência disso, deixando o SEAL, iluminada vanguarda da classe operária, tratar de tudo o mais.

Como estivador, enquanto ser genérico, as condições materiais de existência, por uma questão de justiça, não podem ser senão as mesmas, comuns e exactamente iguais, a de todos os demais estivadores, seja num primeiro momento, relativamente a todos os demais estivadores do porto de Setúbal, seja, num segundo momento, a todos os estivadores de Portugal, seja, num terceiro, a todos os demais estivadores do mundo inteiro como, num mais longínquo dia feliz, a todos os trabalhadores da Terra, homens novos num mundo novo, vivendo já em perfeita harmonia, perfeita paz e não menos perfeita união.

Podem as greves prejudicar gravemente outros trabalhadores e Portugal?

Mas que importa Portugal?

E o demais trabalhadores, eventuais vítimas de necessários danos colaterais, não compreenderão e deixarão de ser solidários com a justa luta de Setúbal, desencadeada, no limite, afinal, em prol de todos, nacionais ou estrangeiros das sete partidas do mundo e de quantas mais houver, em distinção e em prol do novo dia feliz, nascido claro, límpido imaculado, para todo o sempre e para todos?

Não é tudo isto perfeitamente sabido e conhecido?

É.

E não é tudo isto relevante para o futuro de Portugal?

É.

Porquê então tão largo e vasto silêncio, tao vasta e larga indiferença, tão profunda e marcada apatia perante tão graves e sérios descaminhos, sobretudo por parte dos nossos políticos e de outras destacadas figuras públicas?

Por condicionamento mental?

Sim, muito possivelmente, por condicionamento mental ou, em boa verdade, talvez até mais rigorosamente na actualidade, também ou acima de tudo, por condicionamento emocional.

Não é, como dito e universalmente aceite, primado e finalidade de toda a política a realização da justiça?

Não é justiça tudo quanto busca o SEAL?

Como contestar, então, a justa luta de quem procura melhores condições de trabalho e, por definição,  as mais legítimas e democráticas aspirações dos trabalhadores?

Não é a greve um direito absoluto perante o qual todos os demais devem recuar, sejam os da República ou de Portugal?

Pelo silêncio de todos, assim se afigura.

Afinal, que importa Portugal; que importa o Mar, enquanto não estiver cumprido o primado e primordial finalidade da política de realização de perfeita igualdade de todos entre si?

Compreendemos melhor agora a razão dos sombrios dias que estamos vivendo?

Compreendemos melhor agora a razão da crucial importância da IV Conferência do Jornal da Economia do Mar?



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