O CEO da A.P.Moller Maersk, Soren Skou, terá instado diversos Governos a terminarem com a atribuição de subsídios ao transporte marítimo por navios porta-contentores, durante a Singapore Maritime Week 2018, que decorreu em Singapura de 21 a 29 de Abril, refere o World Maritime News.
Numa alusão aos Governos da Coreia da Sul e da China, o CEO da Maersk refere que o financiamento a empresas em dificuldades, com um modelos de negócio não lucrativos e cujos navios já não são rentáveis, contribui para um excesso de tonelagem no mercado de porta-contentores, segundo o jornal.
“No meu espírito, já não existe nada de estratégico no facto de um Governo investir no transporte marítimo; o mercado é que resolve isso”, terá afirmado Soren Skou, de acordo com o Wall Street Journal, citado pelo World Maritime News.
O mesmo responsável admitiu que o sector é competitivo, apesar de estar em curso um processo de consolidação da indústria, e lembrou que actualmente existem 10 empresas globais de transporte marítimo por porta-contentores competitivas e que lutam empenhadamente pela sua quota de mercado.
Na ocasião, Soren Skou voltou a afirmar que face às opções para diminuir as emissões de poluentes pelo transporte marítimo ao longo dos próximos anos e às imposições da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) sobre o teor de enxofre nos combustíveis marítimos em vigor a partir de 2020, a Maresk exclui a via dos depuradores (scrubbers) mas admite seguir o caminho dos combustíveis com menor composição de enxofre.
Na sua opinião, segundo a Platts, uma agência de informações e análises sobre energia e mercados, citada pelo World Maritime News, “faz mais sentido serem as refinarias a remover o enxofre do combustível e a vendê-lo ao sector do que serem os armadores a instalarem refinarias a bordo dos navios”.
Até porque a instalação de scrubbers é dispendiosa. Segundo dados da consultora Drewry, a instalação de um sistema de scrubbers custa cerca de 3,2 milhões de euros e os respectivos utilizadores têm ainda o problema dos resíduos. A consultora aponta ainda o risco de os scrubbers virem a ficar obsoletos face à evolução da própria legislação sobre a matéria.
Acresce o facto de, segundo a Drewry, citada pelo jornal, os scrubbers, ao contrário de outras opções, como o desmantelamento de navios mais velhos ou a conversão dos navios para um combustível marítimo de baixo teor de enxofre, não reduzirem a emissão de gases com efeito de estufa, uma questão que estará cada vez mais sob rigoroso escrutínio. Para a Drewry, com base num inquérito feito a armadores, os scrubbers serão somente uma solução de curto prazo.
Soren Skou recordou também que as novas regras deverão significar um esforço grande para o sector, na medida em que induzirão um aumento do preço dos combustíveis até aos 49,3 mil milhões de euros anuais, incluindo os porta-contentores, cujos encargos anuais com os combustíveis subirão até aos 8,2 mil milhões de euros anuais.
O CEO da Maersk considerou também que a única forma de criar um mercado concorrencial é impôr a aplicação das regras, o que passa por banir os navios que não sigam a regulamentação aplicável ao sector.
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