O documento traça tendências, com base numa avaliação entre 2009 e 2016, sem detalhar segmentos da economia do mar considerados emergentes e aprofundando mais os segmentos dados como estabelecidos
Moore Stephens

Em 2016, a economia azul representava um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 4.176 biliões de euros e correspondia a 2,59% do VAB nacional em Portugal, segundo o Relatório Anual sobre a Economia Azul da União Europeia (The 2018 Annual Economic Report on EU Blue Economy), divulgado pela Comissão Europeia (CE). O documento, elaborado pela Direcção-Geral de Assuntos Marítimos e Pescas da CE (DG Mare) e o Centro de Investigação Conjunta da CE, contudo, não reflecte as opiniões da CE, segundo ali se refere.

De acordo com o relatório, nesse ano, a economia azul empregava 178 mil pessoas (4,07% dos empregos nacionais) e era dominada pelo segmento do turismo costeiro, que representava 75% dos empregos no sector, 74% do VAB e 78% dos seus lucros. Também é destacada a importância do segmento dos recursos vivos, que representava 21% dos empregos, 15,1% do VAB e 12% dos lucros.

Importa referir que o conceito de economia azul aqui utilizado inclui o que os autores consideram os seis segmentos estabelecidos (recursos vivos, turismo costeiro, extracção marinha de petróleo e gás, transporte marítimo, construção e reparação naval e ainda portos, armazenamento e projectos marítimos), explicados no documento. Outros segmentos, considerados emergentes (energias renováveis, biotecnologia azul, mineração em mar profundo, dessalinização, protecção ambiental e costeira, defesa e segurança e ainda investigação e formação marinha) também são mencionados, mas por falta de dados disponíveis, referem os autores, não são alvo de uma análise detalhada.

No documento, a CE analisa o sector entre 2009 e 2016 e conclui que o seu VAB se manteve estável em Portugal entre 2009 e 2012, para subir progressivamente e atingir o pico em 2016. No mesmo período, o VAB do sector aumentou 26,7% e o seu contributo para o VAB nacional aumentou 22,4%, contrastando com o Produto Interno Bruto (PIB) do país, que não conheceu grande alteração, refere a CE.

No plano do emprego, no mesmo período, o sector cresceu 14,3% e o seu contributo para o total nacional cresceu 21,5%, contrariando uma tendência descendente do emprego global em Portugal. Já o salário médio no sector era de 11.200 euros em 2016, mais 9% do que em 2009, tendo crescido em todos os segmentos, excepto no transporte marítimo, ao longo desse período.

Quanto aos dados relativos à economia do mar na Europa, o relatório abrangeu mais de 3,48 milhões de pessoas empregadas no sector, ou seja, mais 2% do que as empregadas em 2009 (o ano de partida para análise). Com a empregabilidade relativamente estável, dizem os autores, já os salários cresceram 14,2% entre 2009 e 2016. E o VAB do sector na Europa atingiu 174,2 biliões de euros em 2016, mais 9,17% do que em 2009. Os lucros brutos foram de 95,1 biliões de euros, mais 8,1% do que em 2009, e o volume de negócios foi de 566,2 biliões de euros, mais 7,2% do que em 2009.

 



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