Acordo visa realização de estudo sobre o papel das mulheres em profissões relacionadas com o mar
TSL - Tejo Shipping Lines

A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CCIG) e a Direcção-Geral de Política do Mar (DGPM) assinaram ontem, Dia Internacional da Mulher, um protocolo para a realização de um estudo sobre o papel das mulheres nas actividades marítimas.

O acordo foi subscrito durante uma sessão pública alusiva ao tema, na qual foram prestados testemunhos pessoais de cinco mulheres que desenvolvem actividades profissionais em área relacionadas com o mar e na qual intervieram também a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e o ministro Adjunto, Eduardo Cabrita.

A primeira das cinco profissionais a falar de si foi a jornalista e produtora de televisão Alexandra Trindade, conhecida por produzir o programa «Bombordo», com o apoio da Docapesca, que se candidatou a um financiamento do PROMAR para o apoio a este projecto. Actualmente, o programa vai na segunda série (de 13 episódios, tal como a primeira, e é exibida na RTP). De acordo com a produtora, nas histórias que retrata, “o elemento humano é fundamental”.

Açucena Veloso, peixeira, foi a segunda a prestar depoimento de vida. Depois de vir do Norte para Lisboa, com 8 anos, começou por vender limões para ajudar a mãe, antes de começar a vender peixe, que se tornaria a sua actividade principal.

Em seguida, Isabel Lucas, estivadora filha e neta de pescadores, explicou como é trabalhar numa actividade tradicionalmente associada aos homens. “É um mundo de homens”, referiu, mas onde trabalha, em Setúbal, “homens e mulheres são colegas de trabalho, nesse aspecto somos iguais”. Soldadora diplomada, o que mais gosta na sua profissão é “de trabalhar ao ar livre”.

Num encontro de celebração do Dia Internacional das Mulheres, não faltou uma militar. Paula Teles Gonçalves, oficial da Armada, explicou que a vontade de seguir carreira na Marinha surgiu aos 18 anos e foi inspirada no pai, também ele da Marinha. Fez o curso na Escola Naval e o momento mais difícil da carreira foi quando, mãe de filhos, teve que se despedir deles para partir embarcada numa missão cujo prazo de duração era incerto. Foram 12 dias fora. Mas adoptou um lema que ainda hoje a acompanha: “se os outros conseguem, eu também consigo”.

Finalmente, falou Teresa Almeida, de 24 anos, licenciada, profissional e campeã mundial de bodyboard. Segundo testemunhou, começou a praticar aos cinco anos e aos 13 recebeu uma prancha de alguma qualidade. Foi então que começou a praticar “mais a sério e a participar em campeonatos”. Tornou-se profissional em 2015, um ano depois de ter sido campeã do mundo e de ter concluído o curso. Nesse ano conseguiu os patrocínios necessários para participar no circuito mundial. Admitiu que ainda é cedo para ser mãe, mas explicou que conhece colegas que conciliam a vida familiar com a prática profissional deste desporto, que implica grande disponibilidade para viajar, algo que a própria também considera um atractivo da sua actividade.

Ana Paula Vitorino considerou que a promover o exercício da cidadania e a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres “também é um dos eixos estratégicos da área do mar”. Recordou que em Portugal a igualdade entre homens e mulheres “foi conquistada depois do 25 de Abril” e que há 12 anos, quando foi nomeada Secretária de Estado dos Transportes, encontrou nessa área “um deserto feminino”. Referiu ainda que hoje, dos 11 organismos tutelados apenas pelo seu Ministério, 5 são dirigidos por mulheres.



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