Membros da Maritime UK, uma associação que reúne os principais operadores do sector marítimo do Reino Unido, reuniram-se esta semana com Hilary Benn, deputado do Comité Parlamentar para Saída da União Europeia (UE), para serem informados de um eventual cenário de ausência de acordo entre o país e a UE, refere o World Martime News.
Face à lentidão no processo negocial entre o Reino Unido e a UE sobre o Brexit, a hipótese de não se chegar a um acordo tornou-se mais falada e levou o Governo britânico a preparar um plano de contingência em matéria aduaneira, cujos elementos foram divulgados.
Se for implementado, o plano implicará novas regras e tarifas que terão impacto negativo nas importações e exportações entre o Reino Unido e a UE, o que preocupa a indústria britânica do transporte marítimo. Numa manobra de antecipação a um eventual falhanço nas negociações, Londres quer estabelecer a base de um plano que impeça estrangulamentos de tráfego nos portos britânicos, particularmente na carga ro-ro.
Em declarações citadas pelo jornal, David Dingle, Chairman da Maritime UK, considera que “o insucesso em garantir um acordo provocará atrasos e disrupções não só em portos como Dover, Holyhead e Portsmouth, mas também em portos da UE, como Zeebrugge, Calais e Dublin”.
Segundo o jornal, após o Brexit, a indústria marítima britânica deseja preservar, tanto quanto possível, os benefícios decorrentes da união aduaneira. A UE, contudo, parece relutante em aceitar tais condições. Pelo que, embora compreenda a posição preventiva do Governo britânico, a indústria marítima do Reino Unido prefere ver dedicação máxima na tentativa de obtenção de um bom acordo.
Das duas opções colocadas pelo documento do Governo sobre o futuro cenário aduaneiro, a indústria marítima britânica prefere o que prevê um novo e único acordo aduaneiro entre o Reino Unido e a UE. Embora reconheça que isso exigirá “vontade política de ambas as partes”, David Dingle considera que “seria do interesse de ambas as partes chegar a um acordo”. E face aos riscos de tal não acontecer, sugere mesmo uma extensão do prazo previsto no Artigo 50 do Tratado da União, devido à complexidade das negociações.
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