Estudo da IMO não avalia correctamente cenários a partir de 2020, diz a associação
BIMCO

A BIMCO, a principal associação internacional de transporte marítimo, manifestou preocupações com as conclusões de um estudo do Comité de Protecção do Ambiente Marinho (MEPC, ou Marine Environment Protection Commitee, em inglês da Organização Marítima Internacional (IMO, sigla em inglês) com base nas quais a IMO vai definir, este mês, se a data de implementação da redução do teor de enxofre para um limite de 0,5% permanece 2020, como previsto, ou se é adiada.

De acordo com a BIMCO, o estudo da IMO, que estima a disponibilidade de fuel com baixo teor de enxofre em 2020, falha em três aspectos críticos: a qualidade do combustível, a capacidade das refinarias para responder à nova regulamentação e o impacto dessa alteração no mercado.

Diz a BIMCO que uma quantidade substancial de fuel que a IMO considera que estará disponível para uso marítimo será pouco segura para armazenar e utilizar a bordo dos navios. Por outro lado, a associação entende que a IMO falha na avaliação da capacidade de redução do teor de enxofre pelas refinarias, que deverá ser insuficiente em 2020. Finalmente, a BIMCO considera que a IMO falha na análise do impacto que a mudança no combustível vai ter no mercado a partir de 31 de Dezembro de 2019.

Face a esta análise, a BIMCO conclui que “não é possível determinar se a indústria de refinação terá capacidade para produzir fuel marinho em quantidade suficiente em 2020” e manifesta preocupação com o facto de “o abastecimento de combustível a outros sectores da economia poder vir a enfrentar rupturas se o cenário não for devidamente antecipado”.

A BIMCO patrocinou um estudo complementar independente, realizado pela EnSys e a Navigistics, destinado a calcular a disponibilidade de fuel marinho e que vai ao encontro de todas as questões identificadas no estudo da IMO. Segundo a BIMCO, o seu estudo concluiu que “é improvável que venha a existir combustível com baixo teor de enxofre disponível em 2020, se se mantiver o abastecimento ininterrupto de combustível a todos os outros sectores da economia”.

Lars Robert Pedersen, Secretário-geral adjunto da BIMCO afirmou que para a associação “será irresponsável que a IMO tome uma decisão no sentido de adoptar a data de 2020 na 70ª sessão do MEPC, em Outubro” e adiantou que “existe uma clara necessidade de análises adicionais para garantir que a cadeia de abastecimento para o comércio global não é seriamente afectada e que os países em desenvolvimento não vão ser atingidos por falta de uma energia acessível”.

Para o mesmo responsável, o problema não é o custo do combustível de baixo teor de enxofre para os navios, “que há muito é conhecido”, mas o efeito de uma carência no abastecimento, que pode provocar uma subida dos preços, não só para o transporte marítimo, mas para todos os outros utilizadores, e que pode colocar fora do mercado aqueles que integram as economias mais pobres.



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