Apesar da perturbação, as baleias-de-bico continuam a preferir alimentar-se nas faixas de sondas de testes da marinha devido a uma maior concentração de lulas nessas áreas.
Baleias-de-bico

De acordo com uma investigação do Instituto de Pesquisas do Aquário da Baía de Monterrey, na Califórnia, apesar da perturbação das sondas, as baleias-de-bico preferem alimentar-se nas áreas onde se encontram as faixas de sondas de teste usadas pela Marinha dos Estados Unidos em formação anti-submarinos, uma vez que nestas se encontram mais fragmentos de uma espécie de lula de que se alimentam, a Gonatus.

 

Depois de uma acção judicial instaurada por ambientalistas contra os riscos destes equipamentos nos habitats aquáticos, a Marinha criou zonas de habitats livres das sondas de testes e gastou milhões de dólares em apoio às baleias-bico e outros mamíferos.

 

Todavia, segundo dados de robots subaquáticos, as baleias-de-bico precisam destes focos de biodiversidade para sobreviver, ainda que estas sondas sejam por vezes motivo de acostamentos. Isto explica-se através de um cálculo que demonstra os custos – em termos de tempo e calorias – de caçar lulas.

 

Os investigadores começaram por determinar a quantidade de mergulhos necessários para que estes mamíferos conseguissem comida suficiente para sobreviver em diferentes áreas. E uma vez que este tipo de baleias não tem tantas calorias para gastar com intensas procuras de presas, em áreas onde a concentração de presas é baixa, trabalham mais e gastam mais calorias (tendo de fazer entre 22 a 100 mergulhos por dia para obter comida suficiente – algo difícil ou impossível de fazer), o que leva a uma diminuição da reprodução e criação de jovens, pois esta torna-se mais desafiante.

 

“Apesar do aspecto da superfície, o mar profundo não é uniforme”, começou por explicar Kelly Benoit-Bird, um dos investigadores do instituto. Pelo que este tipo de baleias se encontra em áreas onde as lulas são abundantes, o que lhes permite conseguir alimento com um mergulho apenas. Áreas essas que coincidem com as áreas onde se encontram as sondas da marinha.

 

Conclui-se que este estudo é importante para fazer uma “melhor gestão das áreas de habitat importantes na Califórnia”, um tema que tem sido objecto de debate.



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