A associação considera que tão cedo não ficarão definidas as regras para o sector portuário britânico e lembra que a introdução de controlos alfandegários entre o Reino Unido e o resto da Europa será especialmente grave para o transporte de carga rodada
Organização Marítima Internacional

A iminência de um acordo sobre o Brexit, recentemente anunciado por Theresa May, induziu a Associação de Portos Britânica (BPA, na sigla em inglês) a lembrar que pode ainda demorar algum tempo até ser preceptível qual o seu significado para os portos, sublinhando que reina a incerteza relativamente aos futuros processos transfronteiriços aplicáveis ao sector. Atendendo à realidade gerográfica do Reino Unido relativamente à Europa, é fácil compreender a preocupação.

A este propósito, Richard Ballantyne, dirigente da BPA, manifestou esperança em que o acordo contemple algum tipo de solução duradoura que afaste qualquer necessidade de reintroduzir alfândegas e controlos fronteiriços relativamente ao comércio entre o Reino Unido e o resto da Europa. Mas lembrou que anda falta percorrer algum caminho até que “os portos e os operadores de mercadorias saibam exactamente que ambiente comercial irão ter”.

Se parece certo que no caso dos granéis e carga contentorizada o Brexit não representará problema relevante, porque os processos e sistemas serão fáceis de adaptar, já para o transporte de carga rodada (roll-on, roll-off), em portos como Dover, Holyhead, Immingham e Portsmouth a questão será mais complexa e está agravada pela incerteza.

Segundo a BPA, reintroduzir alfândegas e controlos de fronteira, quer do lado britânico, quer do lado continental, nos portos que servem este tipo de carga, será um enorme desafio. De acordo com a associação, tais portos, em conjunto, representam um movimento diário de dezenas de milhares de veículos pesados e reboques, com e sem condutor, equivalente a mais de metade do comércio britânico com o resto da Europa e a 40% do valor total do comércio marítimo do Reino Unido.

Para os operadores deste segmento do comércio marítimo que usam estes portos, o potencial de custos e tempo envolvidos que resultarão de uma solução que não dispense controlos fronteirços é uma perspectiva pouco menos do que assustadora.



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